segunda-feira, outubro 16, 2006

Gatos à Solta!


Fui ontem ver o 'Cats' e, numa palavra, foi Fabuloso! Aquele que é por muitos considerado o melhor musical do mundo (já visto por mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, ao longo de mais de 20 anos), merece bem a fama que tem.

Os motivos para tanto sucesso são simples, a começar pela história. Baseado na obra de T.S.Eliot “Old Possum’s Book of Practical Cats”, este musical tem a assinatura de Andrew Lloyd Weber e conta a história de vários felinos, pertencentes á tribo 'Jellicat', que se reúnem uma vez por ano no baile Jellicat, onde Old Deutoronomy, o seu velho e sábio líder, anuncia qual o gato que terá o privilégio de renascer numa nova vida Jellicat. A isto, junta-se um excelente elenco, com notáveis dançarinos e cantores, um deslumbrante guarda-roupa, encenação, coreografia e trabalho de luzes. As músicas são também elas inesquecíveis, a começar pelo tema "Memory" popularizado por inúmeros cantores e que para sempre ficará ligado à voz de Barbra Streisand (este é talvez o momento alto do espectáculo, quando esta música é cantada por uma voz poderosissíma, que nos deixa completamente arrepiados).

Os bilhetes, naturalmente, não são baratos, mas quanto a mim, valem cada cêntimo. Para miúdos e graúdos, Histórias de Gatos, para ver e apreciar, até 28 de Outubro, no Coliseu.

Miau!

sábado, outubro 14, 2006

É oficial: sou deficiente!

É isso mesmo, amigos... a partir de hoje o Estado Português conferiu-me o estatuto de Deficiente! E porquê, perguntam vocês? É o que dá ter uma doença crónica e ter passado as passas do Algarve, aquando da minha operação, o ano passado. Não pode ser tudo mau, há que tirar algum benefício da coisa... Segundo a tabela dos senhores da Junta Médica, tudo somado (a doença, a idade, a operação, etc...) dá-me 68% de incapacidade. E não tive que me esforçar muito - levei os meus exames, sentei-me em frente a 3 marmelos, que os leram cuidadosamente (aí durante uns 90 segundos), entreolharam-se 4 vezes, falaram baixinho não sei o que, e por fim, abanaram a cabeça, afirmativamente, em simultâneo. A única pergunta que me fizeram foi: "Sabe quais são os benefícios que este estatuto lhe confere?". E eu à espera de um interrogatório duríssimo, com médicos mal encarados, a tentar a todo o custo não conceder benesse nehuma. Não, nada disso. Todo o processo terá levado uns 4 minutos, não mais. E pronto! Agora é aproveitar... pagar menos de IRS, não pagar selo do carro, não pagar imposto sobre os juros de dinheiros a prazo, entre outras coisas positivas, e tudo isto durante 8 anos!

Parece-me bem! Só há uma coisa que me está a deixar inquieto: exactamente que parte (ou partes) do meu ser é deficiente? É que 68% é muita coisa que não se aproveita... mas, pensando bem, no fim de contas, até é capaz de não andar muito longe da verdade!

quinta-feira, outubro 05, 2006

"Então mas isto não tem intervalo?..."

11 da noite... de uma noite que teria tudo para ser como todas as outras noites banais aqui no bairro, não fosse o facto de a escassos 100 metros de minha casa, estar acontecer O acontecimento do momento em Portugal - o assalto á dependência do Espírito Santo do Bairro do Liceu, em Setúbal.

Chego nesse momento a casa e deparo-me com algo nunca antes visto... um trânsito só igualavel em hora de ponta... carros por tudo quanto é sítio, para a frente e para trás, tudo por causa do corte da avenida onde tudo se está a passar. Resultado: tenho o tráfego de uma das mais movimentadas avenidas de Setúbal a passar-me á porta de casa. Lugar para estacionar, é mentira. Está tudo ocupado pelos mirones, que vieram de toda a cidade apreciar a cena. Estacionamentos em segunda e terceira fila... Carros em cima do passeio... Carros em cima das árvores... Um stress! Depois de muito procurar, lá encontrei um lugar numa praceta refundida e pouco iluminada, aqui nas traseiras.

Pego nas minhas coisas, deixo o carro estacionado no buraco escuro (pensando: "Hummm, esperemos que ainda estejas inteiro amanhã") e dirijo-me a casa. Por mim passam casais, jovens, famílias, homens, mulheres... todos em direcção ao local da acção. Assim como quem vai passear até ao café numa noite de Verão. Imagino a cena: "Ah, vamos ali beber uma bica e já agora vamos ver que tal tá a coisa!".

Não resisto. Pego na minha curiosidade jornalística e vou até lá. À medida que me aproximo, vou reparando nas faces e nas conversas das pessoas com quem me cruzo. As faces, eram absolutamente banais... como se tivessem saído do cinema, depois de terem visto um filme do Manoel de Oliveira, do qual não perceberam (ou não gostaram) do argumento. Agoras as conversas!... Nem sei o que vos diga! Umas autênticas pérolas... "Ainda hoje à tarde estive aqui e a polícia já nessa altura não nos dizia nada"... Pois não minha senhora, já pensou que os polícias estão aí para manter a ordem e não para servirem de 118? "Pensei que aqui se visse alguma coisa, mas afinal não se vê nada"... vê amigo, mais valia ter ficado em casa a ver a novela. "Se isto começa a demorar muito, vão ter que entrar por aí aos tiros"... Tiros, minha senhora??? "É pá, já viste tar ali dentro fechado aquele tempo todo. Será que podem ir à casa de banho?" Sem comentários...

Aproximo-me mais da coisa e junto-me ao povo que estacionou debaixo da varanda do primeiro andar, onde as 3 estações de televisão montaram o aparato tecnológico. "Ali deve-se ver bem, tá lá tanta gente", pensei. Pois, enganei-me! Não se vê nada... rien, nothing, népia, nicles! Chego á conclusão que aquela malta toda se juntou para ver... 3 carros de polícia estacionados numa avenida, e uns quantos polícias espalhados por ali... esperam, em vão, que algo mais animado aconteça, não sei bem o quê! Se calhar, que o homem desate aos tiros ou que faça explodir o prédio. Mas conversam animadamente... afinal, amanhã até é feriado, a malta pode dormir até mais tarde, e na TV não passam coisas tão emocionantes.

A páginas tantas, há um iluminado, que se sai com a frase que, para mim, recebe o prémio da noite: "Então mas isto não têm um intervalo? É que já me começam a doer as pernas!..." Lindo!Solto uma gargalhada, volto costas e vou para casa.

Decididamente, cada vez compreendo menos as pessoas.

terça-feira, outubro 03, 2006

Desabafo!...

Será que é pedir muito que as coisas corram bem apenas uma única vez? Será que é pedir muito que a probabilidade de as coisas correrem mal, por muito pequena que seja, não se concretize? Será que é pedir muito que quando nós mais precisamos, o resultado possa ser o que esperamos? Eu acho que não é pedir muito...

Porque é que há pessoas que passam pela vida sem ter Problemas (problemas com P grande, não as banalidades do dia a dia) e há outras a quem acontece tudo e mais alguma coisa? Não me parece justo... Dizem-me: "Enfrentar Problemas torna-nos mais fortes, mais preparados para vida, encaramo-la de maneira diferente...". Sim, e depois? O que é que isso me interessa?

Porque é que toda a gente me diz: "Vais ver, vai correr tudo bem, não te procupes, tens de ser forte"? É mentira! Não me mintam, não vai nada correr bem. Sejam realistas, digam-me antes: "Esperemos que corra tudo bem!" Não me dêem falsas esperanças... Eu não sou a pessoa forte que vocês pensam que eu sou!

Tenho a cabeça vazia... estou farto disto!