Todos nos ja passamos por este dilema - o de nao saber muito bem o que fazer com aqueles trastes velhos, que outrora prezamos e estimamos tanto, mas que agora nao fazem mais nada do que estorvar e ocupar o espaco que precisamos para outra coisa. Estes 'trastes velhos' como lhes chamei, podem ser tao variados como os livros que usavamos quando andavamos na primaria, o Spectrum onde jogamos os primeiros jogos, o aquario que so funcionou durante 3 meses, os discos de vinil dos anos 80, o chapeu de sol que levavamos para as ferias no Algarve, que agora so tem ferrugem, mas que insistimos em guardar nao se sabe muito bem porque. Isto porque ao longo da nossa vida nao fazemos mais do que 'acumular'. Acumulamos tudo. Guardamos tudo e mais alguma coisa, seja porque tem valor sentimental, porque pensamos 'Isto talvez ainda venha a ser util', ou simplesmente porque e' contra-natura deitarmos coisas fora, pelas quais tivemos que desembolsar algum dinheiro.
Resultado? Bem, quem tem uma garagem ou um sotao sabe bem do que estou a falar. E' para la' que vai tudo aquilo que ja' nao precisamos ou a que nao sabemos o que fazer. E por la' vai ficando. Passam-se semanas, meses, anos e continuamos a enviar para la' toda a especie de objectos. Ate' ficarmos sem espaco. Aqui comeca o grande desafio - em que nos vemos obrigados a desfazer das coisas, porque nao temos outra alternativa. E la' vamos remexer nos trastes. O seu destino final e' normalmente um de dois possiveis - ou vao fora, ou perguntamos se alguem os quer (ou seja, pedimos voluntarios para ficarem com os nossos trastes).
Ora, os americanos tem uma maneira muito sui generis de lidar com o drama de se desfazerem das coisas. Chegada a Primavera, todos, ou quase todos, fazem as suas Spring Cleaning, que e' como quem diz, 'Ora deixa ca' limpar esta casa, que isto durante o Inverno acumula-se muita treta!'. Feitas as limpezas, la se encontram os tais objectos que ja' nao se quer. Mas em vez de os deitar fora ou de os dar, aqui vendem-nos, nesses acontecimentos tao tipicos que sao as Garage Sales! Uma garage sale mais nao e' do que abrir a nossa garagem ao publico, dispondo os nossos objetos como se de uma loja se tratasse, esperando pelas vitimas (os seja, os clientes) dispostas a levar os nossos trastes com elas. No fundo, e' como organizar uma feira da ladra no quintal, em que sao os unicos feirantes e em que a mercadoria, em vez de ser roubada, esta' apenas gasta e usada. Mas nao pensem que a coisa e' feita ao acaso. Nao - todo o evento e' levado a serio e planeado com rigor. So para terem uma ideia, normalmente existem varios sinais (tabuletas e placas) que indicam o sitio onde decorre a venda. Nao ha que enganar - e' so seguir as setas.
Diz quem ja fez uma destas coisas, que o negocio poder ser rentavel. Dependendo do estado das coisas que se pretende vender, a coisa pode render uns valentes 500$, o que convenhamos e' muito bom, quando o que afinal se pretende e' que outros fiquem com os nossos trastes. Entao e o que fazem com o que nao conseguem vender?, perguntei. Damos ao Salvation Army, responderam-me (acho que e' uma especie de Caritas aqui do sitio). Ou seja, no fundo, os americanos nisto sao mais espertos do que nos - ANTES de se desfazerem das coisas da maneira mais imediata (dando-as ou deitando-as foras), experimentam sempre vende-las, na tentativa de ver se alguma alma penada que delas precise.
Perguntam voces: 'E tu, ja foste a alguma?'. Ja'. Mas nao comprei nada. Chamem-me o que quiserem, mas tenho um 'que' contra comprar coisas usadas de pessoas que nao conheco. Cada maluco com a sua mania - eu tenho esta. Nao me importo de aceitar ou comprar coisas de pessoas que conheco, mas de desconhecidos... you never know! Mas achei piada a' coisa - fui numa de ver e apreciar o evento. Quem comigo foi comprou um aquario com as traquitanas todas por 10$ e mais de 200 bolas de golfe por 25$.
Autenticas bargain, que e' como quem diz pechinchas! Talvez. Eu prefiro os malls.
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