Como ja tive oportunidade de aqui dizer, as minhas visitas ao Japao sao, acima de tudo, motivadas pelo trabalho, mais propriamente porque estou envolvido na implementacao do SAP aqui na nossa jovem empresa nipónica. Até agora, tem sido uma experiencia muito interessante, esta de lidar com uma realidade profissional completamente diferente da que estamos habituados no mundo ocidental.
Desta vez, estamos cá para arrancar com o projecto, e viemos para a nossa fabrica, aqui nos arredores de Utsunomyia, incorporada na fábrica do cliente - cujo nome nao posso dizer... posso so dizer que comeca e acaba com "N" e pelo meio tem, absolutamente de forma aleatórea, as letras "ISSA". Todo o complexo, que se extende ao longo de 3 km de comprimento e 1 de largura, é uma autentica cidade, com tudo e mais alguma coisa! Ao mesmo tempo, parece um autentico bunker, com 100 anos, mas nao, so tem 40, mais ano, menos ano. Tudo tem um ar velho e cinzento, mas nao é sujo, muito pelo contrario... tem é um ar de que se vai desmantelar a qualquer momento... Todo o complexo esta organizado da forma mais simples e eficaz, que até chateia. Tudo esta pensado por forma a que a producao dos cerca de 1000 carros que aqui se fazem diariamente, seja a mais cost-efficient de sempre, sem descorar no entanto a qualidade.
O nosso escritório situa-se no meio da producao, que é por norma, uma zona suja. Por isso, e como regra que todos cumprem, os sapatos ficam à porta! Lá dentro é só pé descalco, com peuginha ou chinelinho. Eu optei pelo chinelo, que trouxe de Portugal, uma vez que nao gosto de trabalhar de pes frios. Mas por muito estranha que possa parecer a ideia de trabalhar de peugas, tenho a dizer-vos que é um conforto que nao vos passa pela cabeca. Nao ter os pes constrangidos pelos sapatos dá-nos uma sensacao de liberdade, que apesar de estranha, é muito agradavel. Para alem disso, nao é incomum ver pessoas sentadas no chao ou agaichadas á beira das secretárias, tudo porque o chao está sempre impecavelmente limpo, uma vez que as sapatorras sao deixadas lá fora! Estou fa, e um dia que tiver a minha empresa, os sapatos ficam á porta. O cenario que se ve todos os dias é mais ou menos este (esta nao é uma foto de lá, uma vez que nao sao permitidas maquinas fotograficas na fabrica):
O desafio diario, á saída, é saber onde param os vossos tamancos...
Mas, por muito que se possa descrever nas instalacoes que temos ao nosso dispor, as casas de banho, mais uma vez, sao o exlibris, e mais uma vez conseguiram surpreender-me. Ja aqui tinha falado acerca de quao estranhas sao as casas de banho japonesas, em especial, as sanitas. Mas isto, meus amigos, supera tudo:
Sao chamadas "Squat Toilet", devido á posicao que o utilizador tem que adoptar para poder usar estas... coisas. Eu sinceramente nao as tentei usar, mas ja passei algumas horas a pensar em como raio se utilizam... acabei por encontrar na net uma descricao muito visual, estilo manual de instrucoes, para utilizar estas... coisas. E cheguei á conclusao que é só desvantagens: primeiro, a posicao é muito desconfortavel... nao ha quem aguente mais de 30 segundos "de cócoras", sem querer imediatamente assentar o rabo no chao. Depois, a ginastica que se deve ter que fazer para nao acertar com os "presentes" dentro das calcas é muito maior que qualquer sessao no ginásio. É esforco a mais. Por ultimo, a corrente de ar que se deve sentir com tudo ali ao relento, nao deve ser nada agradavel. Naaaa.... a mim nao me apanham lá. Tanto que nao me apanham que andei a ver todas as casas de banho la do sitio, em busca de uma sanita "ocidental"... depois de muito procurar, encontrei apenas 1, refundida la num WC atras do sol posto, mas que pelo menos condiz com os nossos padroes. Um alivio, meus amigos, um alivio!!!...
Enfim, este pais nao para de surpreender. Um destes dias vou falar-vos do significado da frase mais repetida (até à exaustao)por estas bandas: Arigato gozaimasu!
Sem comentários:
Enviar um comentário