quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Ir às compras

Tambem neste departamento é preciso habituacao. É daquelas coisas que à partida nao nos passaria pela cabeca que mude muito de pais para pais. Mas a verdade é que muda, e a mudanca é nas pequenas coisas.

Primeiro há que encontrar um sitio onde ir às compras (aqui refiro-me apenas o ir às compras para a casa – estilo ir ao Jumbo). Nao existem grandes espacos estilo Continente ou Jumbo. O maior que já encontrei è estilo Modelo. Todos os outros sao de dimensao mais reduzida, limitando bastante a escolha dos produtos que la se podem encontrar. Lidl’s há varios, iguaizinhos aos portugueses, e ha tambem por aqui uns Aldi, semelhanstes aos Lidl, mas mais fraquinhos. Optei pelo maior que encontrei – confesso que estou habituado a grandes espacos, com muitas possibilidades de escolha, daqueles que nos vendem coisas que raramente precisamos. Gosto, pronto, fazer o que?

La descobri que o espaco ate é bastante completo, tem efectivamente um pouco de tudo. Dei inicio ao processo normal de procurar o que precisava... para me deparar com o facto de que a escolha nao é assim tao facil quanto se podia esperar. Primeiro, ta tudo em alemao... e para quem conhece a lingua alema, estes tipos sao especialistas em ter palavras com 35 letras e que depois querem dizer uma coisa tao simples como ‘pao’. Nao tive outra hipotese senao olhar para os bonecos e tentar perceber o que as coisas deveriam ser, ou procurar marcas conhecidas. Mas aqui tambem reside um grande problema – é que marcas conhecidas, sim existem, mas sao em pouco numero e muitas vezes a inexistencia de uma marca conhecida deixa-nos abananados. Dou-vos um exemplo: quando pensam em cha, quais as marcas que vos vem à memória? Lypton e Tetley? Pois, eu tambem diria que sim. Mas nao é que eu procurei tudo e nao as encontrei??? Como é possvel nao terem cha Lypton??? Nao se percebe!

Outro aspecto curioso é o facto de se ter que pagar os sacos de plastico em todo o lado, nao apenas no Lidl, como em Portugal. Se pensarmos apenas do ponto de vista ecologico, é uma medida interessante porque obriga a que se pague o desperdicio, forca a reutilizacao dos sacos ou obriga a que se leve um recipiente de outro tipo para guardar as compras. Mas do ponto de vista da comodidade nao é nada positivo. Ja pensaram a macada que é ter que ir com as compras desensacadas até ao carro e depois, pegando nos sacos que se trouxe de casa, ir arrumando as compras no parque de estacionamento? É uma ideia estranha para mim, mas aqui é tido como comportamento normal. Fazendo umas contas breves, se cada saco custar 15 centimos e se por mes usarmos 20 sacos (o que nao é muito, nao pensem), chegamos ao fim do ano com uma factura de 36 euros, o que convenhamos é dinheiro. De maneira que percebo porque os alemaes alinham nesta coisa... eu ainda nao me habituei a reutilizar os sacos, de maneira que ando sempre a paga-los.

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Ir ao banco...

Incluido no pacote de situacoes pelas quais se tem que passar quando se chega a um país novo está a tarefa ardua de ir ao banco abrir uma conta. O processo ja de si é burocrático – é preciso preencher nao sei quantos formularios, assinar nao sei quantas autorizacoes, escolher opcoes de manutencao e mais nao sei o que. Agora imaginem isso tudo numa lingua que desconhecem.

Nao fui sozinho nesta aventura. O meu chefe acompanhou-me e tomou a lideranca nas conversacoes. É claro que a primeira pergunta foi se havia interlocutores que falassem em ingles ou se havia possibilidade de obter os formularios e as explicacoes nessa lingua. ‘Nao’ foi a resposta a ambas as perguntas. Isto fez com que um processo que leva apenas meia hora se tornasse numas longas duas horas de explicacoes, traducoes, perguntas, mais traducoes e mais explicacoes.

No final, acho que nunca assinei tanto papel sem ler, confiando apenas na boa vontade do meu chefe que me ia traduzindo tudo e confirmando que era seguro assinar este ou aquele documento. A paginas tantas perguntei se o web-banking tinha acesso em ingles. A resposta foi mais uma vez negativa, o que naquela altura ja nao me surpreendeu. É curioso nesta era da tao chamada globalizacao, como certas coisas nao sao tao globais assim... creio que se passaria a mesma coisa em Portugal, caso um alemao entrasse num banco para abrir conta. Estao os bancos preparados para isso? Se nao me falha a memoria creio que o Millennium e o BPI tem a possibilidade de efectuar login em ingles no homebanking. Nao sei se estaremos mais ou menos avancados que estes amigos daqui, mas da que pensar.

Outro episodio semelhante foi a ida ao departamento de "Alien Workers", onde se obtem uma especie de cartao de contribuinte, onde sao lancados todos os rendimentos obtidos e os impostos pagos ao longo do ano. Tambem aqui, ingles nepias. Tambem aqui tive o meu chefe a servir de interprete. Tambem aqui assinei uma data de papeis que nao consigo ler. Mais do mesmo, portanto.

No fim disto tudo, ando com vontade de ir até ao posto de turismo local e ver ate que ponto é que tambem ali se fala ingles ou nao... vamos la a ver se o alemao que ando a aprender vai servir para melhorar a comunicacao...

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

O meu apartamento

No dia em que cheguei, tal como esperava, fui levado ao meu apartamento, aquele que seria a minha morada durante os proximos 12 meses. Ate aquele momento apenas sabia a morada, nao fazia ideia para onde iria e quais seriam as condicoes que ia encontrar. Mas, com espirito positivo la fui... para descobrir o pior. Deixem-me entao que vos conte.

Visto de fora, a coisa ate tem bom aspecto. A zona é porreira, muito calma, muito central, permitindo ir a pé até ao centro da cidade. Nada a reclamar, tirando o facto do estacionamento ser um pouco complicado. O pior é do lado de dentro. A primeira impressao que se tem quando se entra é... isto é pequeno. Pequeno estilo quarto de hotel... que é bom para passar uns dias (ou semanas) de ferias, mas claramente nao suficiente para se passar um ano.

Comecemos pela cama, que é de solteiro. Vem acompanhada de uma mini mini mini mesa de cabeceira, sem candeeiro ou relogio despertador. Por cima apenas uma coberta que faz de cobertor, colcha, lencol, tudo num so... esta parte nao me espantou muito, uma vez que ja sabia que por aqui isto é norma. Passemos ao guarda fatos... se vos disser que tem apenas espaco para 7 cabides nao estou a exagerar, estou a ser rigoroso. De lado existem umas prateleiras onde se pode colocar roupa, mas nada de gavetas onde por por exemplo, cuecas. Certamente que cuecas nao sao coisa que se guarde em prateleiras, ou estou a ver mal?!! Pois, nao me parecia.

Casa de banho. Menos má, embora seja pequena e nao tenha armario para guardar nada – ou seja, tenho tudo espalhado num pequeno parapeito que limita o espelho. Tem uma coisa positiva que é o facto de ter uma cena que aquece as toalhas e roupas, o que da muito jeito agora no inverno.

Cozinha. Mini, para variar. Tem duas bocas de fogao. E pronto, é isto. Ah, e tem uma chaleira. Em termos de loica tenho 3 pratos razos e de sobremesa (porque 3, que raio de numero, nao joga com nada), mas nada para a sopa (será que tem alguma coisa contra a sopa?), 2 copos, 3 facas, garfos e colheres. E ta feito.

Agora vamos ao que o apartamento nao tem – forno, microndas, maquina de lavar loica, maquina de lavar roupa (!), torradeira, mesa de refeicoes, nem um estupor de uma colher para servir a sopa (ah, mas eles nao contam com a sopa, ta certo)... ah, e o frigorifico é minimo, nem congelador tem!!! Pronto, ok voces dizem: "Mas nada disso faz grande falta" e eu respondo "O caracas é que nao faz!". Como dizem os americanos, eu sou altamente High Maintenance. Gosto das minhas comodidades e, nao me venham com historias, ter um congelador para guardar comida é o minimo que se pode exigir. Se acham que estou a exagerar, vejam aqui se nao tenho razao (o meu é o apartamento tipo C).

Resultado: no dia seguinte fiz-me de incomodado e desgostoso com os aposentos e a empresa tratou de procurar outro sitio. O pior é que isto é uma cidade pequena, onde nao abundam apartamentos mobilados para alugar. La se encontrou um, maior que este (mas nao muito, nao pensem), com mais umas coisinhas... nao sendo bem o que eu pretendia, nem ao que estava habituado, vai ter que servir.

Que remedio.

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Comecar de Novo

Cheguei ha 2 semanas. Saí de Portugal sem grande vontade, confesso. É sempre assim quando se vai para mais uma grande mudanca. Nao é facil estar sempre a mudar. Comeca a faltar a coragem, comecamos a sentirmo-nos menos dispostos para o fazer. A viagem correu bem, curta e pontual. Á chegada tinha o meu chefe à minha espera, estilo comissao de boas vindas. Levou-me à sua casa, conheci o resto da familia, jantamos juntos. O que deu um ar familiar à minha chegada. Foi bom, para comecar. Mas entretanto ja se passaram uma data de dias e a coisa nao anda muito bem aqui para estes lados.

Isto de comecar de novo é dificil. Muito mesmo. Ja me tinha esquecido o quao dificil é. Quando nos acostumamos a uma situacao em que estamos confortaveis e felizes, temos tendencia de apagar os registos menos bons pelos quais passamos até atingirmos esse estado de seguranca. Creio que foi o que aconteceu comigo durante a minha estada nos States. Por muito que pense, nao me consigo lembrar o que passei até me sentir verdadeiramente confortavel. Tudo o que tenho na mente sao os bons momentos, as boas memorias que me dizem que valeu a pena todo o esforco.

Agora estou a passar por tudo outra vez e confesso que nao estou a gostar. Mais um país novo, mais uma nova empresa, mais um novo estilo de vida. Ainda por cima, com uma lingua nova. Sem ter ainda raizes, sinto-me com frequencia deslocado de tudo. Assim como quem sente que nao pertence a lado nenhum. Todos os sons me sao estranhos, nenhuma das palavras me diz o que quer que seja. Os dias sucedem-se sem grandes diferencas, sem grande interesse, sem nada de muito novo a relatar. E depois, é claro que nao consigo deixar de fazer comparacoes – com o que fiz, vi ou senti nos States ou em Portugal. O que nao ajuda, eu sei. Mas nao ha como evitar. Eu, pelo menos, nao sei como o fazer.

No trabalho, tambem a adaptacao nao tem sido facil. Estou agora a fazer algo que ja nao fazia activamente há cerca de 2 anos, embora o saiba fazer. É algo que exige bastante de mim, ainda para mais quando nao se sabe quem é quem, a quem fazer as perguntas correctas, quando ser mais ou menos duro. Isto ja para nao falar nas malditas expectativas que as pessoas (muitas delas sem me conhecerem de lado nenhum) criaram a meu respeito. É bom saber que as pessoas reconhecem e estimam o nosso trabalho, mas é um pau de dois bicos no que toca a novos desafios. Sinto-me um bocado a nadar, sem ter uma estrategia definida, sem saber muito bem para onde me dirigir e como la chegar.

O desconhecimento da lingua tambem é um factor que nao ajuda. O ingles nao é assim tao falado por aqui como as pessoas pensam. E quando o é, vejo-me obrigado a falar mau ingles, para me fazer entender. Fazer coisas simples, como ler rotulos de embalagens, ou ler sinais de transito para saber se é proibido estacinoar ou nao, tornam-se tarefas que tocam o transcendente. Na Tv as opcoes nao alemas resumem-se à BBC e à CNN, o que ao fim de meia hora comeca a fartar.
Acima de tudo acho que me sinto sozinho. Embora todos sejam muito simpaticos e amigaveis comigo, ha apenas alguns momentos em que me consigo abstrair deste estado. Falta-me o chegar a casa e poder estar ou falar com alguem. Os telefonemas ajudam, mas pela forca do custo, nunca podem ser muito longos. E nao ha nada que substitua o contacto humano – um olhar, um sorriso, um abraco...

Como veem, nao estou de facto muito bem. Ja por varias vezes me questionei se tomei a decisao correcta em ter vindo. Estava tao bem, o que é que eu fui fazer? "Entao e nao pensaste em tudo isso quando decidiste embaracar nisso?", podem perguntar. Em pensava que sim, mas como ja disse antes, nao me lembrava de isto ser assim. Julguei que ia ser pera doce – nao podia estar mais enganado...

Todos me dizem que é uma questao de tempo, que vai passar, que daqui a meses vou esquecer isto tudo.

Talvez. E até lá, faco o que?

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Apenas um breve Post...

... para dizer só que ainda estou vivo.

Nao tem é sido nada faceis estes ultimos tempos. Um dia destes comeco a dar novidades!