segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Nao esta mau de todo...

... mas podia ter sido melhor. Acertei 6 dos meus 10 palpites para os oscares, o que da 60%. Nao esta mau, nao senhor. A cerimonia foi engracada, teve momentos muito bons - a abertura, a prestacao de Seinfeld, a apresentadora. Acabou foi tarde. Hoje andei a abrir a boca o dia todo a' conta disso.

Agora la te ho que ir ver o 'The Departed' que ainda nao vi. Fiquei um bocado escaldado com o ultimo filme do Scorcese (Gangs of New York), mas parece que este esta' muito melhor. A ver vamos. depois direi de minha justica.

Ja que falamos (ainda) de cinema, deixem-me que vos diga que estao a estrear aqui uns filmes interessantes de que vos falarei em breve.

sábado, fevereiro 24, 2007

And the Oscar goes to...

Pessoalmente, acho que todo o bom trabalho ou desempenho deve ser reconhecido. Qualquer que seja a forma que esse reconhecimento possa assumir, e' sempre bonito que outros reconhecam que nos esfalfamos a trabalhar. Um reconhecimento publico, um premio monetario, ou apenas um premio sob a forma de estatueta. Nao interessa. O que interessa e' que alguem tome a iniciativa de o demonstrar.

E' por isso que eu gosto dos Oscares. Ok, sao uma coisa americanada, capitalista, um show-off de passadeiras vermelhas, chamem-lhe o que quiserem. Eu gosto, sem qualquer preconceito. Ate acho que devia haver mais 'oscares' noutras categorias, nao so do espetaculo, mas tambem da vida quotidiana. Por isso, no fim-de-semana mais Holliwoodesco do ano, em que sao atribuidas as cobicadas estatuetas douradas, resolvi armar-me em esperto, como se soubesse muito de cinema, e mandar os meus palpites. Que valem o que valem. Cada um tem os seus e faz com eles o que quiser. Os meus, resolvi partilhar.

Em primeiro lugar, ha que dizer que nao vi todos os filmes nomeados. Ate gostava, mas sao mais que muitos. Vi apenas alguns. Para os mais curiosos, aqui fica a lista completa. Por isso, as minhas previsoes sao baseadas nao so nas minhas opinioes pessoais, mas levam em conta as expectativas que os criticos por aqui criam a' volta dos potenciais vencedores. Vejamos entao as principais categorias:

  • Melhor Filme - Babel;
  • Melhor Realizador - Martin Scorcese; Finalmente la vao dar o Oscar ao homem... talvez o mereca, nao por este filme em especial, mas pelo conjunto da sua obra; Eu daria-o outra vez a Eastwood.
  • Melhor Actor - Forest Whitaker; tem feito muito furor por aqui o filme 'The last king of Scotland'. Ja vi alguns excertos e parece-me poderoso.
  • Melhor Actriz - Helen Mirren; Brilhante interpretacao. Se bem que era giro ver Meryl Streep subir ao palco mais uma vez...
  • Melhor Actor Secundario - Eddie Murphy; Oportunidade unica para um actor como este ganhar um Oscar. Se nao for desta, ja nao o sera tao cedo, a julgar pelos filmes que tem feito ultimamente. Penso que Djimon Hounson esta muito melhor em 'Blood Diamond', mas...
  • Melhor Actriz Secundaria - Adriana Barraza/Cate Blanchet; Gostei muito das duas, mas parece-me que a senhora mexicana merecia mais. Contudo, devido a uma altissima publicidade, o premio talvez va parar aos maos da menina bonita do momento - Jennifer Hudson.
  • Melhor Argumento Original - The Queen
  • Melhor Argumento Adaptado - The Departed
  • Melhor Documentario - An inconvenient Truth
  • Melhor Montagem - United 93
Penso que nao devera haver nenhum filme que domine a noite. Nem mesmo Babel, que se apresenta como um dos mais fortes. Mas quanto a mim, perdeu o factor 'supresa/inovacao' que outros filmes tiveram no passado - se bem que tem coisas muito boas. 'Dreamgirls' devera' ser um dos derrotados da noite, pelo menos nas principais categorias, se bem que devera levar o premio de melhor musica original.

E pronto. Amanha confirmamos se eu percebo alguma coisa disto. Ah, e pela primeira vez em muitos anos nao vou ter que me deitar de madrugada para ver atribuir a ultima estatueta.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Ele e' com cada um que ate' doi!!!

Contexto: eu sou um amante da natureza. Gosto de apreciar as maravilhas da natureza, um belo por do sol, um bonito arco-iris, a neve a cair, essas coisas bonitas. Tambem gosto de uma boa trovoada, uma noite de lua cheia e de toda a parafernalia de reccoes quimicas e biologicas que controlam o corpo humano, na sua essencia mais basica. Gosto de isso tudo, sem restricoes.

Mas, no meio de todas estas coisas naturais, ha um fenomeno fisico que me irrita solenemente, nao so pelo incomodo que causa, mas tambem pelas figuras tristes em que incorro sempre que ele acontece - o fenomeno do choque electrico. Nao me refiro aquele choque electrico estilo eletrocucao, em que malta fica a estrebuchar violentamente que nem uns malucos, mas sim ao choque electrico comum, entre os humanos e os mais insuspeitos objectos. Sabem certamente do que estou a falar. Ja aconteceu a toda a gente levar um choque na porta do carro. Dependendo da intesidade, pode ate ser visivel a descarga e audivel o seu som. E o mais tramado no meio disto tudo e' que o tipo nos apanha no nosso mais desprotegido. Treck! E la ficamos nos, a abanar a mao, para cima e para baixo, para fazer passar a dor.

Ora desde que cheguei aqui aos States, o meu nivel de choques electricos diarios aumentou de forma preocupante. Comecou por ser no carro, sempre que saia do mesmo. Treck! Mais um. Achei normal, apesar de pensar que era estranho estar sempre a levar esticoes. Depois comecou a acontecer dentro de casa. Ao acender as luzes. Ao fechar portas. Ao por a maquina a lavar. Ao tocar no microondas. Nas torneiras. No frigorifico. No comando da televisao. Sim, isso mesmo, ate o estupido do comando uma vez me deu choque. Treck! Em qualquer coisa que eu mexesse, la vinha o belo do choque. As tantas dava comigo a fazer figuras estranhas, estilo abrir portas com um pano na mao, a tocar rapidamente nos objectos ou a tocar neles com outras partes do corpo (nomeadamente com os bracos), como forma de tentar apalpar o terreno, a ver se a coisa estava propicia a choques ou nao. Comecei tambem a achar estranho o facto de que cada vez que eu me sentava no sofa e depois tocava em algo metalico, Treck!, la estava ele, mais uma vez!

Farto de tanto choque, resolvi pesquisar a causa de tal fenomeno. Ja que sofro, gosto de saber o porque. Nao foi preciso procurar muito. Encontrei varios artigos na net, entre os quais este, muito util e em bom portugues. Os senhores sao claros: ambientes muito secos, interior de edificios com ar condicionado, aquecimento central, friccao em materiais sinteticos ou la, sao factores que aumentam as possibilidades de o nosso corpo acumular energia. Energia essa que e' acumulada, ate que o corpo entra em contacto com um objecto metalico, e a descarrega. Ora, vendo bem TODOS estes factores estao presentes no meu quotidiano. O tempo aqui e' muito seco, ha aquecimento central em tudo quanto e' sitio, o sofa e' coberto por um tecido sintetico, a alcatifa deve ter uma percentagem de la, ou seja esta tudo contra mim!!!!

Mas pronto. Ao menos estou esclarecido. Continuo a apanhar esticoes, mas agora de uma forma instruida. Menos mal. E voces agora tambem ja sabem: nao e' a porta do carro que vos da choque, sao voces que descarregam sobre o carro (coitado, nao tem culpa nenhuma!) toda a vossa carga electrica. Para terminar, destaco uma parte do artigo que mencionei acima, que achei particularmente interessante:

Os efeitos da electricidade estática podem passar despercebidos para muitas pessoas, mas para os indivíduos hipersensíveis podem tornar-se uma fonte de stress.

Eu devo ser destes sensiveis. Um stressado. Estilo flor de estufa. Enfim, fazer o que? O melhor e' passar a usar um destes ao pescoco:

"Perigo! Este rapaz da choque!"

Net-Dependent

Depois de ter visto um post num blog amigo, resolvi fazer o meu teste de dependencia da net. Resultado: 38 em 100.

You are an average on-line user. You may surf the Web a bit too long at times, but you have control over your usage.

Sob controle. Equilibrado. Parece-me bem!

Experimentem tambem aqui.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

A Pasta 'CYA'

Uma das coisas a que nos temos que habituar quando mudamos de ambiente, em especial quando mudamos de pais, e' ao facto de que as coisas nem sempre se apresentam como nos as conhecemos. Diferentes ambientes implicam diferentes contextos e, naturalmente, novos paises implicam novos habitos, novas culturas, novas maneiras de expressao. E no que toca a maneiras de expressao, cada povo e' unico e irrepetivel, e as expressoes que corriqueiramente usamos, perdem completamente o sentido quando usadas junto de pessoas que nao as sabem descodificar. Expressoes como 'Quem se lixa e' sempre o mexilhao' ou 'Nada de novo! E' mais do mesmo!' , embora recheadas de conteudo (ou talvez nao!) seriam impossiveis de dizer por estas bandas, sem ser acompanhadas de 20 explicacoes adicionais, que dotassem o receptor da mensagem com o codigo apropriado para a decifrar.


E' claro que o contrario tambem e' valido. Diga-se de passagem que os americanos usam algumas expressoes muito proprias (um dia destes farei um post sobre isso), algumas delas bem comicas. Exemplo disso e' o conceito 'CYA'. "E o que quer dizer 'CYA'?", perguntam voces. Isso tambem eu me perguntei durante meses... em reunioes ouvia falar do Folder 'CYA', ouvia bocas do estilo 'Ja guardaste isso na tua pasta CYA'?, e inclusive ouvi quem achasse que a 'Mentalidade CYA' a que os americanos dao enfase, era a culpada de todos os males da empresa. Tudo isto sem saber o que era a dita cuja 'CYA' de que eles tanto falavam. Ate' que finalmente descobri. Armei-me em parvo, e perguntei, no meio de uma reuniao, do que se tratava aquela coisa do 'CYA'.

'CYA', meus amigos, significa 'Cover Your Ass'. Traduzido a' letra nao tem piada, mas em traducao livre pode ser qualquer coisa como 'Salva a tua pele' ou, se preferirem, 'Nao te deixes entalar' (aceitam-me mais traducoes). E como e' que isto e' usado? Bem, quem adopta esta mentalidade, cria no seu computador pessoal ou no seu e-mail uma directoria ou pasta intitulada 'CYA' e la dentro guarda todo o tipo de documentacao, que mais tarde podera' usar em sua defesa, quando alguem (normalmente um colega bem intencionado) o tenta tramar a' grande e a' francesa.


Vejamos alguns exemplos do que convem guardar nesta bela pasta. Estao a ver aqueles e-mails que se mandam com aviso de recepcao? Aqueles em que queremos ter a certeza que a pessoa recebe e le o conteudo? Esses, juntamente com o aviso de entrega e abertura sao optimos para juntar a' pasta 'CYA'. Ou entao, aqueles e-mails que se mandam depois das reunioes dificeis em que finalmente alguem tomou uma decisao critica, que comecam com "Conforme discutido na reuniao desta tarde, ficou decidido que...", tambem sao optimos para la colocar. Ou ainda, quando alguem vos pede alguma coisa que, de antemao, voces sabem que vai dar barraca e por isso respondem 'Se queres que eu faca, poe-me isso por escrito" tambem sao ocasioes unicas para actualizarem a bela pasta. Como veem, as aplicacoes sao multiplas, basta usar de perspicacia e tentar adivinhar o que um potencial inimigo podera fazer para vos entalar. Quanto maior a vossa imaginacao (ou mania da perseguicao), maior sera' o numero de megas que a vossa pasta tera'.


Vendo bem, a coisa ate nem esta mal pensada. Todos nos, de uma forma consciente ou nao fazemos isso. Guardamos provas que nos podem ser uteis no futuro, quanto mais nao seja para levar mais alguem connosco quando nos estamos a afundar. E fazemos isso de forma instintiva. Ninguem nos ensinou que tinhamos que nos precaver contra situacoes futuras. Ninguem nos ensina que, quando as coisas dao para o torto, ha sempre alguem que se descarta com a maior das facilidades com a frase 'Eu nunca fui informado disto'! Ninguem nos ensina isso na escola - aprende-se, simplesmente. Os americanos, no fundo, nao inventaram nada de novo, apenas a batizaram com um nome interessante.


Eu, pelo sim, pelo nao, ja criei a minha 'CYA':




Nunca se sabe quando vai ser precisa.

sábado, fevereiro 17, 2007

Noites

18.37 pm. A viagem ate casa faz-se rapida, sem grandes sobressaltos. A hora de ponta aqui comeca a uma hora insolita - 4 e meia - e dura pouco. 15 minutos chegam para me levar ate casa. Passagem rapida pelo correio, que fica a uns 200 metros da minha casa, uma distancia tambem ela insolita. Nada de jeito, publicidade apenas. Ao chegar, e' tempo de falar com a familia. Gracas a tecnologia, podemos ver e ouvir o que se passa do outro lado do oceano. E ha sempre tanto para contar e partilhar... E' esta a forma que encontrei de nao perder o hifen que me liga a' familia, aos amigos, a tudo o que me e' querido. Partilham-se pequenas historias, ouve-se a voz de quem esta longe, sossega-se a incerteza de saber se a outra parte esta bem. 5 horas de diferenca horaria nao nos permitem grandes conversas, e' hora de ir dormir para quem esta longe. Mas foi bom. Amanha ca estaremos, como sempre. Mesmo sitio, mesmo horario.

19.43 pm. Saltada rapida ate' ao ginasio. Sao mais as vezes que nao vou do que as que por la apareco. Uma passagem pelas maquinas, uma corrida na passadeira, um passeio de bicicleta. Para finalizar, um mergulho na piscina. E, claro, 10 minutos no jacuzzi, para relaxar. Muito positivo. Saio de la a sentir-me completamente a derreter. E' um sentimento bom, de descompressao de todo o stress acumulado. E' la' que se descarrega toda a raiva e frustracao que se enfrenta no dia a dia. Mas tambem e' la' que se expressa a intensidade e o prazer de um sucesso, por muito pequeno que seja... Depois destes momentos, tudo parece ser de somenos importancia, sentimo-nos em paz connosco e com o tudo o que nos rodeia. 'Ta'-se bem', e' o felling.

21.13 pm. Sento-me finalmente a' mesa depois de um bem merecido banho. Sopa e algo mais. Se houver paciencia, comida a serio. Se nao houver, comida 'microwaved', que vem em muitas formas, tamanhos, cores e sabores. Dias ha em que me apetece ir jantar fora, mas a esta hora e' dificil encontrar restaurante que tenha a cozinha aberta. Americanisses. Acabo por deixar isso para o fim de semana, com a companhia de um ou outro amigo. Contento-me com os meus cozinhados, acompanhados por uma sempre agradavel fruta fora de epoca - morangos, melancia, cerejas. A' sobremesa, e se a inspiracao o ditar, debito mais umas linhas aqui no estamine', para quem quiser ler. Mais uma forma de tornar perto o que esta longe.

22.00 pm. Tempo para ver mais uma serie de eleicao. Algumas ja se tornaram um vicio, outras estou ainda a aprender a gostar. Uma hora de entretenimento, com personagens ficticias, com historias bem arquitectadas, que nos fazem pensar ou que simplesmente entretem, sem grandes preciosismos. O cansaco, porem, ja comeca a pesar nas palpebras e ha quase sempre uma ou outra cena que me passa ao lado...

23.22 pm. Sono. La fora a noite apresenta-se calma, silenciosa... terna, como F. Scott Fitzgerald a descreveu. Fecho as cortinas, arrumo a mochila para o dia seguinte. Meto-me na cama, finalmente vou poder descansar. Amanha e' um novo dia e ha que recuperar forcas para fazer tudo de novo. Nenhum dia e' igual ao anterior, embora pareca. Por muito rotineira que pareca a nossa vida, ha sempre maneira de tornar cada dia especial, diferente e unico. Um novo assunto, um novo contacto, um novo problema, uma nova solucao para um problema antigo. E' sempre possivel tentar fazer a diferenca. Basta que para isso aproveitemos cada dia de uma forma completa e intensa.

Ate amanha!

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Tardes

12.53 pm. Regressa-se do almoco. Escusado sera dizer que a seguir a um 'burger' ou a uma pizza nao apetece trabalhar. Tudo por culpa das enzimas. Nao e' porque estamos ja cansados de dar o litro toda a manha, nem porque temos pela frente mais uma infindavel tarde de e-mails, reunioes e papeis para despachar. As verdadeiras culpadas de nao nos apetecer trabalhar sao as enzimas. Malditas. Comecam a trabalhar, decompoem o que comemos com gosto, libertam uma sensacao de bem estar, que naturalmente nos torna menos activos. Mas la fazemos o esforco. Sentamo-nos a' secretaria, com a chavena de cafe' a' frente. Ou melhor, com o balde de cafe' a' frente. Aqui nao se faz a coisa por menos.

14.00 pm. Mais uma reuniao. Os mesmos actores, o mesmo argumento, o mesmo desenlace da reuniao da semana passada. Cheira a episodio repetido de uma serie de grande sucesso, enquanto nao chegam as novas temporadas. Estilo 'encher couricos' quando nao se tem nada de novo a apresentar. Mas como nao temos melhor para fazer, deixamo-nos estar. Ja conhecemos os dialogos e os cenarios, mas comparecemos sempre, mecanicamente.

15.19 pm. Chega mais um e-mail, a juntar aos 43 que desde o inicio do dia entopem a mailbox. Este vem de Portugal. Uma amiga pergunta como vao as coisas. Faco uma pausa para deitar comversa fora. Quebro a rotina, aproveito para manter os contactos em dia, e para perguntar por novidades. Como esta Portugal? Chove? Faz sol? Ha mais alguem a divorciar-se?... Depressa regresso ao trabalho. Ha mais um processo para rever, e esta quase na hora da 'Telco' com o cliente. Aqui usa-se muito disto - Telco, diminuitivo de 'Conferencia Telefonica'. Maneira moderna de dizer que do longe se faz perto, gracas a' tecnologia. Juntam-se as partes interessadas, nao importam quantas nem onde estao. Todos, a volta de um telefone, a partilhar ideias, planos e datas.

16.37 pm. Stress no armazem. Normalmente e' virtual, poucas vezes fundamentado. E o mais engracado e' que surge sempre quando o camiao esta' para sair.
- O sistema nao da!...
- Mas nao da' como? Nao funciona? Esta em baixo?...
- Nao, funciona!... So' que nao da'!...
Respiro fundo.
- Mostra-me o que estavas a fazer...
Ele mostra. Tinha-se esquecido de indicar a quantidade. Nada de importante, quando se esta a preprar um camiao para sair. Respiro fundo outra vez. Paciencia. Muita Paciencia.
- Tudo OK? Ainda precisas de mim ou posso-me ir embora?
- Yeah, you can go now! Thanks, men!

18.04 pm. Ja chega por hoje. Foi mais um dia duro. Fizeram-se progressos, resolveram-se problemas, melhoram-se processos, optimizaram-se esforcos. Nao se cumpriram objectivos, mas nao foi mau de todo. Esperemos que amanha tambem o seja... Olho la para fora, por cima do meu cubiculo. Anoitece de mansinho. A neve comeca a cair com mais intensidade. Tempo de ir para casa. Arrumo o portatil, ponho a mochila as costas, enfio o gorro na cabeca e enfrento o frio do final de tarde. E, claro, desligo a ficha 'Trabalho' ate' a' manha seguinte. Mas nem sempre.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Manhãs

7.15 am. O despertador toca estupidamente cedo, marcando com violencia o fim do silencio profundo de mais uma noite. Mecanicamente, sem pensar muito, acendo a luz. Ajuda-me a manter-me acordado, ajuda-me a alimentar a ideia de que 'Va' la', nao adormecas, tens que te levantar'. Dou mais uma volta, volto-me para o outro lado. No radio, o senhor da 93.9 The River, diz que esta frio la' fora - muitos negativos. E esta-se tao bem debaixo dos lencois... nao consigo deixar de sentir um conforto e uma seguranca tal, que aqueles breves intantes fazem com que o mundo pareca distante, onde apetece ficar, prolongando o momento que me envolve. Inevitavelmente, e a muito custo, la acabo por me levantar e encarar de frente mais um dia...

8.06 am. Preparo-me para enfrentar o frio. Cachecol, luvas, gorro, botas... a mesma rotina de sempre. Ponho a mochila as costas, abro a porta. Respiro fundo. O frio da manha entra-me pelas entrenhas, torna dificil o acto de respirar. Olho em volta. O branco da neve tem uma beleza encantadora, em especial em manhas de sol e ceu azul. Ha dias, porem, em que parece estarmos num filme a preto e branco, onde a cor e' reduzida a umas pinceladas aqui e ali, que cortam a monotonia da paisagem. Dirijo-me ate ao carro. O mesmo de sempre - gelo e neve cobrem os vidros. Ha que retira-los com a ajuda da espatula, companheira de todas as manhas, uma das melhores compras que aqui fiz ate' agora. Depois de muito esfregar, la me ponho a caminho. Radio com som alto, para despertar. Viagem curta, com musica animada para comecar bem o dia.

8.23 am. Ligo o portatil, abro o mail. Tenho em media mais de 20 mails para ler, e ainda nao sao 9 da manha. 'Vai ser um dia animado', penso. E normalmente nao me engano. Comeco na tarefa infinita de tentar responder a todos. Nao consigo. Comecam os telefonemas, vem a colega do lado perguntar 'Where can I find the...', aparece-nos o chefe de repente a perguntar se podemos preparar agora a reuniao de mais logo a tarde. Esforco-me por ir a todas, na tentativa de ajudar todos. Nao consigo. Ha sempre alguem que fica para tras, alguem de quem so me lembro 3 dias depois, alguem a quem me desfaco em desculpas por nao ter dado atencao mais cedo.

10.00 am. Reuniao. A primeira de muitas. Aqui reune-se muito. Por tudo. Por nada. Por coisas pequenas, por coisas grandes. Juntamo-nos todos numa sala, sem ligar a rankings - do fiel de armazem ao director de operacoes. Identificam-se problemas. Discutem-se causas. Descobrem-se falhas. Pretendem-se planos de accao. Elaboram-se documentos que nunca sao postos em pratica. Debato-me por prazos apertados, 'nao podemos continuar como estamos'. 'Nao, nao podemos ter prazos tao apertados, nao temos pessoas que cheguem'. Baixo as armas, mas nao desisto... espero por um momento mais oportuno. Marca-se mais uma reuniao, para a semana, mesmo horario, para avaliar o progresso. Que, na maioria das vezes, e' pouco. Mas pouco, e' melhor que nada.

10.53 am. Nova olhadela pelos e-mails, que nao param de aumentar. Estabeleco prioridades, apago os fogos mais urgentes, dou avanco aos projectos paralelos. Ha que testar a nova funcionalidade antes de a tornar efectiva. Se correr bem, funciona a' primeira. Se correr normalmente, precisa de uns ajustes. Pelo meio resolve-se mais uma duvida, escreve-se mais um mail sobre 'How to solve...'.

11.47 am. Pausa para o almoco. Sim, aqui almoca-se cedo. Outros ritmos, outras culturas, outros horarios. Nao interessa. O que interessa e' que sao 60 minutos de descompressao. 60 minutos so nossos, no meio do tempo que dedicamos aos outros. 60 minutos em que se conversa sobre o tempo, sobre a familia, sobre as diferencas entre a Europa e os EUA. 60 minutos que nos preparam para mais uma tarde intensa...

domingo, fevereiro 11, 2007

Escandalos a' Inglesa

Notes on a Scandal (penso que em portugues se ira' chamar 'Diario de um Escandalo'), e' a mais recente proposta do cinema ingles, actualmente nas salas de cinema americanas. Filmado em 2006 por Richard Eyre, conta-nos a historia de Barbara, uma professora solteirona nos seus 60 e picos anos, cuja solidao profunda a obriga a partilhar os seus pensamentos azedos sobre o mundo em pequenos diarios que actualiza religiosamente. Ja no seu ultimo ano antes da reforma, Barbara conhece Sheba, uma professora de arte acabada de regressar ao ensino, depois de 10 anos de exclusiva dedicacao a' familia.

A amizade que se vai desenvolvendo entre estas duas personagens centrais da narrativa, e' seriamente abalada no dia em que Barbara surpreende Sheba numa situacao pouco propria com um jovem adolescente, seu aluno. Dominada por um forte sentimento de culpa, Sheba acaba por confessar a' amiga todos os pormenores e as razoes que levaram a tal relacionamento improprio. E e' nesse preciso momento que as fraquezas de uma mulher se tornam no poder de outra. E aqui comeca entao o jogo da chantagem, da posse dominadora, da exigencia desmedida, cujo desenlace surpreende, mas que, no fundo, nao poderia deixar de ser inevitavel.

Ao contrario do que se podia pensar, a historia da professora e do aluno acaba por nao ser a pedra de toque do filme - e ainda bem, digo eu. O filme e' essencialmente sobre as relacoes humanas, de amizade, amor e poder, e sobre como estas relacoes podem destruir ou dominar as nossas existencias quando usadas da pior maneira. Excelentes interpretacoes de Judi Dench e Cate Blanchet (estao fabulosas e muito bem nomeadas para os oscares), bons momentos de drama e intensidade e um argumento de grande qualidade, sao razoes mais que suficientes para espreitar este filme. Se isso nao chegar, a banda sonora e' do melhor.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Musicas - II

1991. Verao quente, Agosto. Algures por estas alturas, tive a oportunidade de fazer a minha primeira viagem ao estrangeiro. Mais propriamente, a Franca. Num autocarro, com mais 50 pessoas, pela modica quantia de 60 contos. Na altura confesso que era ainda muito agarrado as saias da minha mae, embora ja tivesse 15 anos. Nunca foi facil para mim travar conhecimento com estranhos e so depois de algum tempo e de algum convivio comecava a mostrar mais de mim (caracteristicas que ainda hoje guardo). Ter alguem por perto, que desbravasse caminho, ajudava bastante. Alguns dias antes de partir, descobri que afinal teria de ir sozinho. Fiquei receoso no minimo, mas acabei por ir. E ainda bem, porque essa viagem marcou o inicio de uma certa mudanca no meu comportamento. Sozinho, sem conhecer quase ninguem, vi-me obrigado a travar conhecimentos, conhecer novas pessoas, comecar novas amizades.

Nas muitas horas que passavamos no autocarro, ao longo de uns 10 dias bastante intensos, para alem das conversas, havia tambem a musica que partilhavamos. Ouvia-se de tudo um pouco (lembro-me de ouvir coisas tao distintas como Ritual Tejo, Simple Minds, Brian Adams, ou GNR) mas havia um album que se ouvia quase ate' a'exaustao. Era nem mais, nem menos que este:


Out of Time - o album que lancou os REM para a fama universal, tornando-os numa referencia incontornavel dos anos 90. Eu ja os ouvia esporadicamente antes deste album ser lancado. Musicas como 'Finest Worksong' ou 'The One I Love' ja tocavam no meu walkman de vez em quando. Mas este album (comprado nessa instituicao mitica chamada Circulo de Leitores), teve qualquer coisa de especial e acabou por se tornar num dos mais tocados no gira-discos la de casa (sim, porque eu na altura era um teso, e a malta nao tinha dinheiro para essas modernices chamadas CD's). Tanto tocou, que as tantas era mais o som do 'crs crs crs' do vinil que se ouvia, do que propriamente a musica. E nao foi uma coisa do momento... lembro de algum tempo mais tarde este disco ainda fazer parte da banda sonora de muitas tardes passadas a estudar, a fazer trabalhos de grupo (lembras-te C.?), ou simplesmente a fazer... nenhum.

Ainda hoje sei as letras quase todas de cor e ainda me da um certo gozo recorda-lo. Nao sera' o melhor album dos REM, mas para mim, marcou uma epoca - pelas sonoridades acusticas, pelas letras, pela diferenca. Para que tambem possam relembrar, aqui fica uma amostra. Nao e' a melhor cancao do album, mas e' incontornavel.

Life is bigger, It's bigger than you, And you are not me. The lengths that I will go to...

The distance in your eyes. Oh no I've said too much. I set it up...

domingo, fevereiro 04, 2007

XL

Sabado. Frigorifico muito desolado, semi-vazio. Mais que razao para ir as compras. La' teve que ser.

Entre as coisas obvias que precisava de comprar - estilo carne, sumos, iogurtes, congelados, etc - resolvi passar pela seccao dos chocolates e afins, como alias faco quase sempre. Normalmente procuro coisas que sejam novas, que nao existam por ai'. Assim fiz, hoje tambem. Eis senao quando, entre os habituais Twix, KitKat, Dove, eis que descubro isto:

M&M's. Sim. 'E o que e' que isso tem de novo?', perguntam voces. Olhem com mais atencao para a foto. Reparem no tamanho dos mesmos (para alem das cores, algumas delas ineditas).
Meus amigos, apresento-vos os 'Mega M&M's Peanuts', que e' como quem diz M&M's em versao XL. Imaginem os tradicionais amendoins cobertos de chocolate, mas elevados ao quadrado. Muito, muito bom. Nao sei onde desencantaram estes amendoins de tamanho industrial mas a ideia e' muito boa. O sabor e' o mesmo, nada de diferente ai'. O tempo de mastiga-los e' que e' maior, o que aumenta o prazer do momento.

Enquanto pegava em duas ou tres embalagens desta nova maravilha, eis que os meus olhos se deparam com isto:


'Mais M&M's? Que enjoo!", dirao. Nao, atentem melhor na foto e apreciem que estes nao sao uns M&M's quaisquer. Para alem de serem tambem XL, reparem na forma dos mesmos. Nao vos faz lembrar nada? Pois, isso mesmo. Amendoas. M&M's Almonds 'e como se chamam. Tem um certo ar de amendoas da Pascoa, mas em melhor. O sabor e' tambem muito bom, garanto-vos.

Pensando bem, isto e' um filao que nunca mais acaba. Se aplicarmos este conceito a outros frutos secos igualmente saborosos, dentro em breve teremos a versao Avelas, Caju, Pinhao, Pistachio. Por mim, venham eles. Enquanto novas modalidades nao veem, a pergunta que agora se impoe e': 'Srs da M&M's - para quando estas preciosidades em Portugal?' E' assunto da maior importancia.

Entretanto, se quiserem prova-las, aceito encomendas.

sábado, fevereiro 03, 2007

-20 C

Nao, nao e' o Alasca. Foi tirada aqui a' porta de casa, as 4 da tarde. O termometro marcava 20 negativos. Wind Chill e' como lhe chamam.

Que bem que se esta' em casa!