domingo, outubro 19, 2008

James Blunt, in concert

De regresso a terras germanicas, ainda com a cabeca a ajustar-se ao novo fuso horário, eis que chega o fim de semana e, ao mesmo tempo, a data para o primeiro concerto do ano. Pois é, 2008 tem sido uma pobreza no campo da musica - dos Coldplay aos REM, passando pela Allanis Morrissette, perdi todos os concertos possiveis e imaginaveis que por aqui passsram neste verao. Ou por ja nao haver bilhetes, ou porque o dia nao era o melhor, ou simplesmente porque era longe. Acontece. Mas quando soube que James Blunt ia tocar aqui bem perto, em Oberhausen (essa bela localidade), dei comigo a pensar "Ora aí está uma boa maneira de passar uma noite". Gosto bastante da musicalidade e das letras deste jovem, um ex-oficial do exercito ingles, que se resolveu dedicar à musica e que conheceu a fama em 2004, com o lancamento de "Back to Bedlam", pelo que resolvi nao deixar passar a oportunidade.

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E assim foi - ontem la estava, na König-Pilsener Arena, um espaco estilo Pavilhao Atlantico, so que com metade do tamanho. Casa cheia, muito animada, com pessoas de todas as faixas etárias, muitos casais, muitos grupos de senhoras sozinhas (gandas malukas!), muita gente de várias nacionalidades á espera de ver o que a noite prometia.

A primeira parte do concerto comecou cedo - ás 7 e 45 -  com um trio de jovens que, embora animados, ninguem conhecia. Os "Zés", como lhes vou chamar porque nao sei de quem se tratavam, tinham assim um som estilo musica rock portuguesa dos anos 80, na onda dos Taxi, dos Salada de Fruta e outros que tal. De aparencia, assemelhavam-se aos Beatles (!) e abanavam a cabeca como se dos Nirvana se tratassem. Combinacao interessante. A musica nao era ma de todo, mas os "Zés" nao agarraram a malta. Tocaram 45 minutos e bazaram. A malta agradeceu.

AS 9 em ponto, James Blunt e respectiva banda sobem ao palco, para aquele que seria um desfilar de temas bem conhecidos. A abertura foi algo inesperada, com uma musica nova, a que se seguiu "Wisemen", "High", "Billy" e um "I really want you" cantado quase á capela e propositadamente baixo, que o publico teve que se silenciar para poder ouvir. Algo bastante original, diga-se. Original e muito forte foi o momento de "No Bravery", tocado simplesmente ao piano, enquanto passvam nos dois videowalls imagens do Kosovo em 1999, aquando da passagem de Blunt pelo conflito.

Momentos mais animados regressaram com "Give me some love", "I'll take everything" e "Carry you home". Seguiram-se uma musica nova - Love, love, love - e "Cuz I love you" em que o senhor desata a dancar no cimo do piano e resolve, ja no final da musica, avancar literalmente para o meio da assistencia (passando a menos de 1 metro de mim), atravessar a arena inteira e ir instalar-se num piano colocado no meio do recinto. Aí contou  "You're beautiful", "Goodbye my Lover" e "Out of my mind". O publico, bem conhecedor das letras, acompanhava cada uma delas de forma animada e afinada... De regresso ao palco, e para terminar a parte principal do concerto, brindou-nos com um "So long Jimmy" bastante poderoso, umas decimas acimas do original. Para o encore, ficaram "One of the Brightest Stars" (a musica de que mais gosto), "Same Mistake" e 2 horas depois de comecar, o rapaz despediu-se com "1973", em que umas bolas de cristais prateadas, estilo anos 70, deram um ar muito disco ao recinto.

Valeu bem a pena. A terminar, aqui fica "Cuz I love you", uma cover dos Slade, e que me parece sinceramente uma boa aposta:

quarta-feira, outubro 15, 2008

Coisas Estranhas...

Aqui no Japao, ha... coisas estranhas, dificeis de explicar. Que só mesmo vendo! Nao, nao vou voltar a falar de casas de banho (embora seja um tema que goste especialmente e que daria para mais uns 20 posts, no minimo). Vou antes falar de coisas tao fantasticas como parques de estacionamento, pracas de taxis ou multidoes em paciente espera para entrar numa loja famosissima!

Comecemos pelos parques de estacionamento. Aqui, estacionar o carro, para alem de ser virtualmente impossivel, é algo que é feito... na vertical. Devido ao elevado preco dos terrenos, nao é possível ter parques de estacionamento na horizontal, como os conhecemos. Assim sendo, qualquer bocadinho de terra serve para fazer uma estrutura, estilo predio, com uns 8, 10, 12 andares, onde se arrumam carros, com a ajuda de um elevador altamente sofisticado. Quem ve de fora, ve apenas isto:

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Aquele "P" nao anuncia um estacionamento ali perto - aquele "P" é o estacionamento! Estao a ver a ideia? É muito á frente... eu é que nao sei se ficaria descansado em deixar ali o meu carro, arrumado numa prateleira (é disso que se trata), estilo despensa...

Continuemos. Vamos até aos Taxis - sao uma forma rapida e relativamente barata de nos deslocarmos aqui. E andam por todo o lado, em especial á saída dos grandes terminais de transportes publicos. Uma vez mais, o espaco é coisa que nao abunda, pelo que as cidades nao se podem dar ao luxo de ter assim uma praca de taxis como as nossas. O que ha, no entanto, é isto:

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Eu diria que a este cenario se aplica bem a expressao "todos ao molho". Taxis todos bem arrumadinhos, uns atras dos outros... só nao consegui perceber é como é que eles praticam o FIFO neste sistema, sem se atropelarem uns aos outros. Mas, mais uma vez, tudo funciona! E ninguem se chateia com ninguem... impressionante!

Por ultimo, falo-vos de uma cena que assisti em Tokyo, em plena zona comercial. Sabado á tarde, bom tempo - cenário ideal para ir ás compras. No meio de tantas, há uma loja que se destaca largamente de todas as outras. Uma multidao - seguramente umas 300, 400 pessoas, sem exageros - aguardava pacientemente em fila indiana que estendia a perder de vista, para entrar numa loja da... H&M! A foto nao é das melhores, mas este senhor com a placa estava no fim da fila, e a entrada da loja esta mais ou menos ao pe do candeeiro... tudo aquilo ali no meio sao pessoas que esperam para entrar...

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A questao que se poe é: porque? OK, a H&M é baratucha, acessivel a muita bolsa... mas porque esperar tanto para entrar, se ha tanta loja onde se pode encontrar o mesmo tipo de acessorios? E há que dizer que a loja NAO estava em saldos! Será fashion? Será stylish? Ou será apenas... japones?

Nao sei. Mas lá que é estranho, é!

E assim termina a minha estada de 3 semanas por estas bandas. Estou de regresso a Alemanha amanha, para preparar o regresso a este lado, ja no fim do mes...

terça-feira, outubro 14, 2008

Tokyo in a Day

Mais um fim de semana, mais uma oportunidade para espairecer! Desta vez, o destino escolhido foi Tokyo, a capital. Ja por lá tinha passado aquando da primeira vez que ca estive, mas ficou muito por ver. E ha sempre tanta coisa ainda para ver...

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O roteiro comecou com uma viagem de Shinkansen, o "comboio bala" niponico. Eficaz, pontual, confortavel, com um design estiloso e, acima de tudo, muito muito rapido, faz os 120 km de viagem em menos de 50 minutos. Logo á saida da Tokyo Station, comecei por visitar os Jardins do Palacio Imperial, onde vive o actual imperador do Japao. O Palacio em si so abre 2 vezes por ano, no ano novo e no aniversario do Imperador, pelo que a área publica resume-se a pouco mais do que uns jardins com umas arvores que mais parecem uns bonsai em ponto grande... sao giros, mas estao longe de impressionar. La pelo meio encontra-se a ponte Nijubashi, do sec XIX, que constitui a principal entrada no palacio e ao mesmo tempo, o ponto alto deste espaco verde.

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Proxima paragem - Ginza District. Esta é, provavelmente, uma das zonas mais tipicas e agradaveis de Tokyo. Bem no centro da cidade, esta é a zona comercial de eleicao. Estao ca todas as lojas possiveis e imaginárias, da alta costura ao baratucho, do nacional ao internacional, do vestuario à electrónica. Loja que é loja esta aqui (até a Zara cá tem 2 lojas!). Isso, aliado ao facto de que a zona esta fechada ao transito ao fim de semana, faz convergir para aqui multidoes, que simplesmente passeiam na avenida, a aproveitar o bom tempo de outono e a fazer o que aqui se faz melhor - window shopping.

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A meio da tarde, paragem em Roppongi, o bairro de eleicao dos ocidentais, provavelmente a parte mais internacional da cidade. Dominada pelo complexo Roppongi Hills, é uma zona cheia de restaurantes, que sendo animada de dia, transforma-se de noite, tornando-se na 24 de Julho de Tokyo... em versao XL, claro.

Mori Towers, Roppongi

E porque a noite tambem ja se aproximava, apesar de serem apenas 5 da tarde, segui caminho para Shinjuku, na ala oeste da cidade. É aqui que se situam os grandes arranha ceus de Tokyo (e tambem os mais caros!). Estima-se que trabalham aqui mais de 250 mil pessoas diariamente, sendo uma das zonas mais movimentadas e yuppies da cidade. Lá pelo meio, estao as torres do Tokyo Metropolitan Offices, cujo observatório (gratis) no 45 andar, proporciona vistas fantasticas do city skyline.

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O passeio, terminou uma vez mais, na zona que melhor define Tokyo, e que resolvi explorar um pouco melhor - Shibuya. Neons, luzes, accao, pessoas, transito - uma autentica Times Square! Ora vejam:

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Lojas, gente, restaurantes, mais gente, mais lojas, mais neon, mais gente. La pelo meio, uma loja de CD's baratos a que nao resisti e um jantar com recordacoes americanas - aqui. Muito bom!

E assim foi.  A dor nos pés e nas pernas exigiu que o dia seguinte fosse passado a descansar... Mais fotos, aqui!

quinta-feira, outubro 09, 2008

Starbucks Experience

Acabei agora de vir de la. Eu e um belo Tall Cappuccino! Um clássico. Desde há muito que sou fa deste conceito a que chamaram de Starbucks. Primeiro comecou por ser uma extravagancia de férias, onde só se ia porque era giro e novo... mas, sobretudo durante a minha estada nos States, ir ao Starbucks beber qualquer coisa tornou-se algo de muito especial, um vicio, se quiserem... algo que vai deixar saudades!

Para quem nao conhece (e se calhar sao muitos!), o Starbucks nao é um café convencional, daqueles onde pedimos a bica e a bebemos ao balcao. Sim, é um lugar em que o café é claramente Rei, mas é muito mais do que isso... é um sítio para se estar. Para se ir com calma. Com tempo. Para apreciar. A ler um livro, a usar o computador, ou simplesmente a ouvir a musica calma que normalmente domina o ambiente. É um sitio que fica mais ou menos entre o stress do trabalho e o conforto do lar. É tipo de lugar em que se pode estar uma tarde inteira na palheta com uma boa companhia, comodamente instalados numa das muitas poltronas que decoram o espaco...com o café por companhia... Nao é, de todo, um lugar para toda a gente - a comecar pelos precos, que sao claramente inflaccionados e acima da média, mas tambem pelo status que transmite... ir ao Starbucks é sinal de classe, de estilo, de modernidade - pelo menos é esse o posicionamento da marca! Estou bastante curioso para visitar a loja de Alfragide, e sobretudo, de ver a reaccao do povo portugues a este conceito... pena é ficar tao longe de Setubal, senao estaria la sempre batido...

Starbucks

Aqui no Japao, tudo o que tenha um "cheirinho" a Ocidente, que nos soe familiar, é muito bem vindo. Por isso, ir ao Starbucks aqui é ainda mais significativo. É acolhedor. É como estar em casa, num país distante.

É bom, pronto! Se passarem pela loja de Alfragide, digam de vossa justica!

domingo, outubro 05, 2008

Nikko, Japan: World Heritage

Fim de semana é sinónimo de passeio. Depois de uma semana a conhecer apenas o caminho entre Hotel-Estacao-Fabrica-Estacao-Hotel, o fim de semana proporciona uma oportunidade para explorar o que há por estas bandas. Utsunomiya nao é uma cidade propriamente turistica, com grandes atraccoes (bem vistas as coisas, nao tem nenhuma!), mas aqui bem pertinho, a apenas 40 minutos de comboio, situa-se a pequena, mas bela cidade de Nikko, cujo património foi considerado pela Unesco como Heranca Mundial.

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Nikko (que traduzido, significa Luz do Sol) é conhecida essencialmente pelos muitos temples e shrines budistas - sao imensos, mais ou menos organizados em 3 grandes complexos, que atraem milhares de visitantes diariamente. Eu confesso que a grandiosidade de tais construcoes nao me atrai minimamente, pelo que decidi passar mais tempo a explorar o imenso Parque Natural que rodeia a cidade, mais propriamente a zona do lago Chuzenji e das Kegon Falls, uma das mais altas do Japao, com 97 metros, bastante popular entre os japoneses, em especial por aqueles que aqui se veem suicidar...

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A beleza de regiao é indiscritivel, em especial com os tons outonais a servir de cenário. Pena que o dia estivesse com algumas nuvens, o que mais uma vez, deu cabo das fotos. De qualquer das formas, podem espreita-las, aqui!

 

sexta-feira, outubro 03, 2008

Japao - O projecto, o cliente, as instalacoes...e uma vez mais, as casas de banho!

Como ja tive oportunidade de aqui dizer, as minhas visitas ao Japao sao, acima de tudo, motivadas pelo trabalho, mais propriamente porque estou envolvido na implementacao do SAP aqui na nossa jovem empresa nipónica. Até agora, tem sido uma experiencia muito interessante, esta de lidar com uma realidade profissional completamente diferente da que estamos habituados no mundo ocidental.

Desta vez, estamos cá para arrancar com o projecto, e viemos para a nossa fabrica, aqui nos arredores de Utsunomyia, incorporada na fábrica do cliente - cujo nome nao posso dizer... posso so dizer que comeca e acaba com "N" e pelo meio tem, absolutamente de forma aleatórea, as letras "ISSA". Todo o complexo, que se extende ao longo de 3 km de comprimento e 1 de largura, é uma autentica cidade, com tudo e mais alguma coisa! Ao mesmo tempo, parece um autentico bunker, com 100 anos, mas nao, so tem 40, mais ano, menos ano. Tudo tem um ar velho e cinzento, mas nao é sujo, muito pelo contrario... tem é um ar de que se vai desmantelar a qualquer momento... Todo o complexo esta organizado da forma mais simples e eficaz, que até chateia. Tudo esta pensado por forma a que a producao dos cerca de 1000 carros que aqui se fazem diariamente, seja a mais cost-efficient de sempre, sem descorar no entanto a qualidade.

O nosso escritório situa-se no meio da producao, que é por norma, uma zona suja. Por isso, e como regra que todos cumprem, os sapatos ficam à porta! Lá dentro é só pé descalco, com peuginha ou chinelinho. Eu optei pelo chinelo, que trouxe de Portugal, uma vez que nao gosto de trabalhar de pes frios. Mas por muito estranha que possa parecer a ideia de trabalhar de peugas, tenho a dizer-vos que é um conforto que nao vos passa pela cabeca. Nao ter os pes constrangidos pelos sapatos dá-nos uma sensacao de liberdade, que apesar de estranha, é muito agradavel. Para alem disso, nao é incomum ver pessoas sentadas no chao ou agaichadas á beira das secretárias, tudo porque o chao está sempre impecavelmente limpo, uma vez que as sapatorras sao deixadas lá fora! Estou fa, e um dia que tiver a minha empresa, os sapatos ficam á porta. O cenario que se ve todos os dias é mais ou menos este (esta nao é uma foto de lá, uma vez que nao sao permitidas maquinas fotograficas na fabrica):

shoes_outside

O desafio diario, á saída, é saber onde param os vossos tamancos...

Mas, por muito que se possa descrever nas instalacoes que temos ao nosso dispor, as casas de banho, mais uma vez, sao o exlibris, e mais uma vez conseguiram surpreender-me. Ja aqui tinha falado acerca de quao estranhas sao as casas de banho japonesas, em especial, as sanitas. Mas isto, meus amigos, supera tudo:

japanese_toilet

Sao chamadas "Squat Toilet", devido á posicao que o utilizador tem que adoptar para poder usar estas... coisas. Eu sinceramente nao as tentei usar, mas ja passei algumas horas a pensar em como raio se utilizam... acabei por encontrar na net uma descricao muito visual, estilo manual de instrucoes, para utilizar estas... coisas. E cheguei á conclusao que é só desvantagens: primeiro, a posicao é muito desconfortavel... nao ha quem aguente mais de 30 segundos "de cócoras", sem querer imediatamente assentar o rabo no chao. Depois, a ginastica que se deve ter que fazer para nao acertar com os "presentes" dentro das calcas é muito maior que qualquer sessao no ginásio. É esforco a mais. Por ultimo, a corrente de ar que se deve sentir com tudo ali ao relento, nao deve ser nada agradavel. Naaaa.... a mim nao me apanham lá. Tanto que nao me apanham que andei a ver todas as casas de banho la do sitio, em busca de uma sanita "ocidental"... depois de muito procurar, encontrei apenas 1, refundida la num WC atras do sol posto, mas que pelo menos condiz com os nossos padroes. Um alivio, meus amigos, um alivio!!!...

Enfim, este pais nao para de surpreender. Um destes dias vou falar-vos do significado da frase mais repetida (até à exaustao)por estas bandas: Arigato gozaimasu!