quinta-feira, maio 31, 2007

Chicago, e a praia ali tao perto...

Ao inicio do terceiro dia, tudo doia... pernas, bracos, pes... especialmente os pes, em que tinham aparecido duas magnificas bolhas (ja rebentadas), junto ao tendao de aquiles. Daquelas que doem de cada vez que se da' um passo. Como ainda tinha umas horas para gastar antes de me ir embora, a primeira paragem do dia foi no Macy's mais proximo, para comprar umas belas sandalias, que libertaram os meus pes da opressao da meia e do tenis. Ja' com o pe' no chinelo, estava pronto para mais umas voltinhas.

Curiosamente, comecei o dia no mesmo sitio onde tinha acabado o anterior - Navy Pier. Tinha ficado entusiasmado com a ideia de fazer um passeio de barco, por isso resolvi experimentar. Fiz o passeio pelo lago (mais curto), em que se tem uma vista da cidade, do meio do lago. Como ja vos disse aqui ontem, tinha ficado rendido a' silhueta da cidade, pelo que achei este passeio muito interessante, embora o tempo tivesse voltado a ficar chocho - abafado, mas nada de ceu azul.


Acabado o passeio, nao podia sair da cidade sem ir ate' a' praia! Sim, Chicago tambem tem praia. Alias, tem mais que uma, tem varias, umas a seguir as outras, estilo Marginal, mas com agua em condicoes. A praia a que fui fica mesmo no centro da cidade, ali bem pertinho dos arranha ceus todos - Oak Beach Street. Um contraste interessante... ja tinha estado em praias ao pe' de serras, ao pe' de rios, no meio do nada, mas nunca numa praia com arranha-ceus por tras...


Um luxo, ter a praia mesmo ali ao virar da esquina. E uma praia com optimas condicoes - ate' um cafe' com palmeiras la encontramos... So falta mesmo e' a' agua de coco para pensarmos que estamos no Brasil. Fiquei o tempo suficiente para ficar com um vermelhoes na cara e nos bracos, e regressei ao hotel... E porque as boas coisas acabam depressa, era ja tempo de voltar a casa... os meus pes, que nesta altura estavam um bocado para o escangalhado e a precisar de descanso, agradeceram imenso.

Em suma, Chicago e' decididamente uma cidade a visitar. E' uma cidade jovem, animada, bem disposta, voltada para a familia. E' uma cidade que tem orgulho em receber os seus visitantes, que se tornou bonita e que merece a fama que tem. E' uma cidade que soube aproveitar muito bem os recursos naturais unicos de que dispoe. E' uma cidade onde deve dar um certo gozo viver! E a que espero regressar, certamente...

Proxima etapa por terras americanas... ainda nao sei ao certo, depende de muitas coisas... mas pode muito bem ser Las Vegas ou Washington...!

quarta-feira, maio 30, 2007

Chicago, The Windy City

O segundo dia da minha estada em Chicago amanheceu bastante diferente do anterior. Ceu azul, sol firme, temperaturas nos 20 e muitos. Condicoes mais do que ideais para se poder apreciar a cidade com outros olhos e com outra vontade.


Desta vez, resolvi comecar pelo Millennium Park, um dos pontos altos de toda a cidade. Trata-se de um majestoso parque, com varias atraccoes invulgares, que combinadas entre si conferem um ar altamente moderno a' area em que se inserem. E porque as imagens falam mais do que as palavras, aqui tem:

Pritzker Pavillion - projectado por Frank Gehry - usado para espectaculos ao ar livre. Mais parece uma amalgama de ferro torcido, mas com muito, muito estilo.

Cloud Gate - batizado pelos Chicagoans como 'O Feijao' - faz lembrar uma gota de mercurio, reflectindo toda a beleza arquitectonica dos edificios que rodeiam este espaco.


Crown Fountain - a fonte mais espectacular e inovadora que alguma vez vi. Duas torres compostas de tijolos transparentes, projectam, atraves de ecras de video, caras de cidadaos comuns, desta forma:

O Parque tem outros motivos de interesse, mas estes 3 sao, de longe, os mais notaveis. Tiradas as fotos da praxe, rumo a' zona sul, atraves de uma extensao imensa de parques que a cidade acolhe junto ao rio. Chicago teve o bom senso de conservar esta zona, voltando-a para o lazer, onde todos podem fazer um pouco de tudo - correr, passear, andar de bicicleta, patins, skate, etc..., ao inves de a transformar numa zona atolhada de mais e mais blocos de cimento.

La pelo meio desta mancha verde, encontramos a Fonte de Buckingham, copiada da fonte existente no Palacio de Versalles, em Franca:


Continuando para sul, eis que se chega a outro ponto alto da cidade - o Museum Campus. Tambem ele inserido numa extensa zona verde, alberga 3 museus dedicados as ciencias naturais - um oceanario, um planetario e um museu de historia natural - todos magnificamente enquadrados na paisagem. As filas eram mais que muitas, em parte explicado pela reconhecida qualidade de qualquer um dos museus. Decidi nao visitar nenhum deles, optando antes por caminhar ate ao ponto mais afastado da costa, para poder apreciar a vista sobre a cidade.

E meus amigos... que vista!!! E' somente de longe, em especial do rio, que se consegue apreciar a beleza de uma magnifica silhueta (Skyline, se preferirem), recortada e desenhada pelos muitos arranha-ceus que povoam a cidade. Ora vejam:

Confesso que fiquei absolutamente apaixonado por esta vista. Era capaz de ficar a olhas para ela durante horas, contemplando nao sei muito bem o que, mas sentindo-me rendido a' sua imponencia. Mas o tempo era escasso e ha' que aproveitar ao maximo...

A proxima paragem foi a Magnificent Mile, a parte norte da mais concorrida avenida de Chicago - a Michigan Av. Aqui encontramos todo o tipo de lojas, centros comerciais, departments stores estilo Macy's ou Bloomingdale's, e as 'lojas baratinhas' estilo Prada, Tiffany's ou Cartier. Um paraiso para as compras... ha quem diga que faz lembrar a 5 Avenida em Nova Yorque - a mim fez-me lembrar o Champs Elysees, em Paris... com metade da largura!


A meio da tarde, resolvi descansar um pouco, pelo que embarquei num daqueles autocarros turisticos de dois andares, descapotaveis, que nos levam pelos pontos altos da cidade, destacando alguns dos pormenores por detras de ruas, edificios e pessoas famosas. O passeio teminou junto a' Sears Tower, onde desta vez nao hesitei em entrar. E valeu bem a pena a longa espera de mais de uma hora. Do 103 andar a vista e' magnifica - sobre o rio, sobre os predios em baixo, que parecem miniaturas, sobre toda uma extensao infindavel de casas e estradas, ate perder de vista. Simplesmente fantastico!

Terminada a visita, resolvi acabar o dia no Navy Pier, um porto com cerca de 1 km de comprimento, que se estende pelo lago dentro.

Por la', podemos encontrar um pouco de tudo: restaurantes, lojas de souvenirs, barcos que nos levam a ver o lago ou o rio, um museu, um beer garden bem animado, com musica ao vivo, uma roda gigante, espacos para as criancas brincarem... enfim, e' um espaco para toda a familia, com opcoes para todos os gostos. E' claro que sendo domingo e vespera de feriado, estava apinhado de gente a fazer um pouco destas coisas todas. As 9 e meia em ponto, o ceu (ja escuro), foi iluminado por um simples mas funcional fogo de artificio, que recolheu o aplauso de muitos que por ali se encontravam a desfrutar a noite. E mais uma vez, nao resisti a fotografar a silhueta da cidade, que desta vez se reflectia iluminada sobre o rio...

Ja completamente arrasado por um dia altamente preenchido, arrastei-me (literalmente) para o hotel, onde recuperei forcas para o terceiro e ultimo dia destas mini-ferias...

terça-feira, maio 29, 2007

Chicago, lllinois

Fim de semana prolongado a' conta do Memorial Day, oportunidade mais do que unica para uma breve escapadela. Onde ir, o que fazer? A decisao nao demorou muito a ser tomada - nao foi preciso pensar muito. Ha muito que ouvia maravilhas de Chicago, que era uma cidade fantastica, bonita, onde da' gosto passear. Resolvi que seria este o destino destes 3 dias de relax, a apenas 4 horas e meia de distancia (de carro).

O dia de Sabado comecou chocho, com chuva e trovoadas a' mistura. 'Mais uma vez nao acerto com o tempo', pensei. Mas pronto, pode ser que fique melhor - ha sempre essa esperanca. Durante a viagem (que e' um pouco entediante, uma vez que nao tem grandes alteracoes na paisagem) a chuva caiu copiosamente, fazendo com que os meus receios se tornassem cada vez mais uma certeza. Ja resignado com o facto de que seria um fim de semana molhado, dei por mim a fazer planos mentalmente, caso a coisa nao melhorasse. Felizmente nao foi preciso.

Algumas horas mais tarde, depois de ter atravessado 3 estados (Michigan, Indiana e Illinois) la' chego a Chicago. Naturalmente, a primeira coisa em que me tento concentrar e' em encontrar o hotel, que fica bem no meio de downtown. Sigo, como sempre, a' risca as indicacoes do Mapquest, que nunca me deixou ficar mal. So' que, em fim de semana cheio de eventos especiais, a cidade altera-se, fechando ao trafego automovel algumas das suas vias principais. Ora, com as ruas cortadas, escusado sera dizer que as minhas preciosoas indicacoes serviam de muito pouco. Sim, perdi-me! E uma vez perdido, nao me restou outra solucao que improvisar. Ir olhando para o mapa nos sinais vermelhos, tentar perceber para que lado fica o rio (o hotel ficava la mesmo ao pe'), descobrir quais as ruas que eventualmente me colocariam mais perto do destino final. Feitas as contas, andei mais ou menos meia hora as voltas no meio da cidade, ate dar com o raio do hotel, que ainda para mais ficava numa rua de sentido unico.

Feito o check in e depois completamente instalado, comeco entao a minha incursao a pe' pela cidade - guia numa mao e maquina fotografica na outra. Decidi comecar a minha visita pelo Loop, que e' por assim dizer o centro historico de Downtown Chicago. Aqui estao localizados muitos dos arranha ceus da cidade, que albergam nao so instituicoes publicas e governamentais, como tambem instituicoes financeiras, tais como a bolsa de valores ou a 'Board of Trade'. Passear no meio destas ruas torna-se uma aventura, especialmente porque temos que espetar o nariz para cima e deitar a cabeca para tras para conseguirmos ver o topo de tao grandes estruturas - que se afirmam imponentes, a dominar a paisagem.





Espalhadas um pouco pelo Loop estao algumas obras de arte, doadas a' cidade por artistas tao consagrados como Miro', Picasso ou Chagal. Esta 'street art' confere a esta zona um ar cultural e moderno, quebrando a paisagem com o seu ar original, criando autenticos recantos de contemplacao e refugio, no meio do rebulico de uma zona fervilhante. Alguns exemplos:


Picasso


Miro

Chagal

E' tambem aqui que encontramos o edificio mais alto da cidade e do pais - a Sears Tower - construido inicialmente para albergar a sede desta famosa empresa. Hoje, apos ter sido vendido pela Sears, e' usado como 'Office Building', tendo no seu topo (103 andar) um observatorio (Skydeck), que nos presenteia com vistas soberbas da cidade e de tudo o que a rodeia. Devido ao mau tempo, achei que nao era uma boa aposta subir ate la acima... resolvi deixar para o dia seguinte.



Famoso tambem no loop e' o 'El', ou simplesmente 'L', abreviatura para 'elevated', o nome do comboio elevado que serpenteia pelo meio das avenidas e edificios. Para quem e' fa (como eu) da serie ER, sabe concerteza do que eu estou a falar. Esta rede de comboio e' uma especie de metro que ao inves de andar por baixo anda por cima das ruas - assente em estruturas metalicas apoiadas no asfalto em baixo - e constitui um dos principais meios de transporte dos locais. As estacoes e' que se apresentam um bocado decrepitas, o que ate' tem um efeito interessante...

A chuva entretanto nao parava de cair, fraca mas constante. Aqui e ali uns relampagos rasgavam os ceus, ao inicio da noite. Como a viagem tinha sido longa, o cansaco ja se fazia notar. A juntar a' festa, a roupa comecava a ficar mais molhada do que o recomendado. Condicoes optimas para justificar um jantar no Hard Rock Cafe, fazer as compras da praxe e regressar ao hotel.

Inevitavelmente, acabei o dia a pensar que a primeira sensacao que se tem desta cidade e' tao somente esta - 'Uau!'. A arquitectura, os arranha-ceus, as ruas muito vivas e cheias de gente (mesmo a chover), a imponencia e a grandiosidade de uma cidade plantada a' beira do lago, fazem de Chicago uma cidade de que se gosta logo ao primeiro olhar. E se o primeiro dia ja tinha valido a pena, o segundo foi ainda melhor...

quarta-feira, maio 23, 2007

Shrek the Third

Eu sou fa incondicional dos filmes do ogre verde. Desde que em 2001 surgiu no panorama do cinema internacional, fiquei rendido aos seus personagens anti-historia-para-criancas-em-que-tudo-corre-bem, as suas piadas pouco convencionais, ao seu humor politicamente incorrecto e as bandas sonoras catitas, sempre apropriadas ao momento.


Foi por isso com grande expectativa que fui este fim-de-semana ver a mais recente sequela da saga Shrek. Desta vez, Shrek e' chamado a substituir temporariamente o sogro, no papel de rei do reino de 'Bue' Bue' Longe'. A coisa, claro, corre mal, e o ogre depressa conclui que nao foi talhado para a tarefa. So' que, a paginas tantas, o rei acaba por morrer, deixando porem a indicacao de que existe um outro possivel candidato ao trono - um sobrinho afastado - que Shrek decide procurar e trazer a' capital, para que possa assumir a regencia. Paralelamente a esta historia, ha' uma outra igualmente interessante que envolve o Principe Encantado e todos os personagens das historias infantis, cujo o fim e' tudo menos cor-de-rosa - bruxas, viloes, mau-da-fita, estao la todos - ate o capitao gancho la esta. Estes resolvem-se unir (instigados pelo Principe) e preparam uma revolta no reino. Tudo isto culmina, como sempre, em grande confusao, mas de forma muito cor-de-rosa, com a familia Shrek a aumentar de tamanho.

O filme em si, devo dize-lo, devera' ser o mais fraco dos tres. Talvez por nao apresentar nada de verdadeiramente inovador em relacao aos seus antecessores - nao tem personagens novas de relevo (o Burro e o Gato das Botas continuam a ser os eternos compaheiros do ogre), a historia nao e' surpreendente e tem um certo sabor a 'la' fizeram mais um filme so' para fazer mais uns trocos'. Mas, em minha opiniao, o segredo para apreciar este tipo de filmes esta' em saber dar valor aos pequenos pormenores que aqui e ali se vao vendo, em estar atento as subtilezas dos dialogos. E isso esta' tudo, e muito bem montado, para nos entreter de uma forma muito genuina (chamo a atencao para dois momentos muito bons - todos os pormenores da Escola Secundaria e o dialogo entre Pinoquio e o Capitao Gancho).

Em resumo, eu gostei. E estou bastante curioso para ver a versao portuguesa do filme - creio que nao houve filmes tao bem dobrados como estes. Ao que parece, tudo indica que este seja o ultimo da saga...

segunda-feira, maio 21, 2007

A Historia do Carro Abalroado - Episodio 1

Na minha rua (em Portugal, diga-se) ja aconteceu um pouco de tudo no que respeita a acidentes de automovel. Desde o cromo que nao para no cruzamento para dar prioridade e leva com outro em cima, passando pelo gentil condutor que para na passadeira para dar passagem aos peoes e leva com outro por tras, ate' ao bebado mais enfrascado que se espeta contra os carros estacionados e depois se poe em fuga - ja' por la' passaram todos. De dia, de noite, com carros velhos, com carros novos, com condutores experientes ou macaricos. E e' sempre um momento alto la na rua. Depois de uma chiadeira brutal, vem o 'Catra-Pum' violento e seco, anunciando que 'Pronto, la houve mais um que se espetou'. Depois ha' o ritual de ir ate a' janela, observar o cenario, observar os envolvidos, esperar pela policia, escutar as conversas e antecipar as reaccoes. E tem a sua piada observar tudo isto. Quando o carro envolvido nao e' o nosso.

Ora, quando o carro que jaz amachucadinho e' o nosso, a coisa muda drasticamente de figura. E de que maneira. Foi precisamente isso que, involuntariamente, descobri esta noite. Nao estava la para assistir a' cena (felizmente), mas a minha mae encarregou-se de me dar a boa nova:

- 'Olha, partiram-te o carro todo esta noite.'
- 'Como?!'
- 'Pois, enfaixaram-se no teu carro, partiram o lado do condutor todo e depois puseram-se em fuga'.

5 e meia da manha, uma boa hora para partir um carro alheio, sim senhor. Bonito. Quem ja esteve envolvido num aparato destes, sabe que aqui comeca uma novela que tao cedo nao vai terminar. Ainda para mais que, acontecendo-me a mim, nao podia ter contornos simples - nao me acontecem muitas coisas estranhas, mas quando acontecem, nunca sao simples. Querem ver?

Ora, o que se faz nestas situacoes? Chama-se a policia, certo? Resposta: 'Nao vamos! Vamos la fazer o que, nao podemos identificar o outro carro envolvido nao vamos la fazer nada.' E e' para isto que pagamos impostos. Bem, se a policia nao vem, e porque sao 5 e 30 da manha nao se consegue pensar com grande clareza, vai-se apanhar uns cacos do carro, tentando reunir algumas provas que levem a identificacao do OVNI (Outro Veiculo Nao Identificado). Entretanto, ja de manha, reboca-se o carro ate a' Toyota e averigua-se no bairro se alguem viu ou ouviu alguma coisa. Ouvir toda a gente ouviu, mas ver ninguem viu nada. Depois de muito procurar, la' se descobre que houve um vizinho madrugador que ate estava a' janela na altura e que viu que era um jipe castanho. E matricula? 'Ah e tal, nao vi! Os tipos fugiram'. Fica-se na mesma, mas insiste-se de novo com a policia, levam-se os bocados recolhidos no local do crime e efectua-se a participacao do sucedido (para efeitos de seguro). A policia insiste - 'O minha s'hora, nao tenha esperancas, isso agora vai ser quase impossivel de encontrar um carro a quem faltam estes bocados'. Resignamo-nos com o facto, sem grande alternativa.

Mas e' precisamente aqui que a historia comeca a ter contornos altamente sinistros. Passadas 2 horas da participacao, a minha mae recebe um telefonema da policia que lhe diz que 'Grande coincidencia, talvez tenhamos encontrado o carro que lhe causou o acidente - foi agora rebocado para o parque da policia.' Proximo passo - ir ate' ao tal parque. E sim, efectivemente la estava ele - o Jipe Castanho, amassado e' frente, com tinta cinzenta por todo o lado. Verificam-se se os bocadinhos encaixam e sim, encaixam. Nisto, aparece o dono do carro... com uma conversa, no minimo estranha...

- 'Sabe, roubaram-me o carro esta noite! Hoje ia de manha para o trabalho e, quando sai' de casa nao o vi la'. Participei logo a' policia o ocorrido.' - diz o homem.
- 'A que horas?'
- 'As 8.'
- 'E como e' que o carro foi encontrado?'
- 'Ah fui eu que o encontrei, numa rua perto da minha casa'!

Ora... sou so' eu, ou esta teoria parece colada com muito cuspo? Quantas historias (veridicas) voces ja ouviram de pessoas que dao o carro como roubado, e passado uma ou duas horas, o encontram, ainda para mais ao pe de casa? Pois, nao joga, pois nao? Nao. Mais estranho ainda - quantos carros roubados conhecem voces que nao tem sinais de arrombamento - nem na porta, nem nos vidros, em lado nenhum? Pois, continua a nao jogar, pois nao? Nao. Tiram-se impressoes digitais, trocam-se apolices de seguro, o homem sempre muito prestavel, da a informacao toda. 'Sabe, eu tambem nao tive culpa, roubaram-me o carro...'. Pois, ta bem, ta! O pior vai ser provar que isto e' uma tramoia bem armada - mas a mim ninguem me convence que o carro nao foi nada roubado e que estava a ser conduzido por ele ou por alguem conhecido ou da familia. E provar? Vai ser dificil, senao mesmo impossivel.

A saga continua com as seguradoras ao barulho - ja la tem a participacao, vamos ver quais as cenas dos proximos capitulos. Estou bastante interessado para descobrir ate que ponto os 800 euros que ando a pagar todos os anos, sao bem empregues ou nao. E so' espero que o facto de nao estar por Portugal nao complique o processo burocratico - so me faltava ter que ir ate la' de proposito para tratar disto!

Mas, afinal de contas, e o meu carro, perguntam voces, ficou muito danificado? Depende do ponto de vista - lado do condutor amassado, eixo traseiro danificado (subiu o passeio tal foi a violencia do embate), jantes partidas, nada que uns 3000 euros nao resolvam. Desde que nao me saiam do bolso... por mim, tudo bem.

Nao sei muito bem quando vira' o episodio 2 desta saga, mas fiquem atentos. Passem por ca' com regularidade, isto vai dar que falar. E eu ca estarei para vos relatar as peripecias.

quinta-feira, maio 17, 2007

Mais uma para juntar a coleccao...

Em materia de avioes, ja muita coisa me aconteceu. Sao conhecidas as minhas historias de ligacoes atrasadas, malas perdidas, voos cancelados. Sao ossos do oficio, ha quem diga. Quando se viaja muito, a probabilidade destas coisas acontecerem e' tambem maior. Concordo. Se bem que a quantidade de situacoes que ja aconteceu aqui a este vosso amigo, mais faz parecer que estas coisas so me acontecem a mim. Numa breve estatistica, chego a' conclusao que ja perdi as malas 5 vezes. Voos cancelados foram 6. Os atrasos ja lhes perdi a conta. Acho que de todas as minhas viagens, so 3 decorreram sem problemas... creio que esta estatistica me confere o direito de desabafar: 'Porque e' que estas coisas so me acontecem a mim?!'

No meio de todas estas situacoes, a viagem que me trouxe de volta aos EUA, depois de mais uma breve passagem por Portugal, vai ficar para a historia. Porque? Porque, apesar de ter comecado lindamente descambou de tal maneira, para algo que eu nunca tinha visto ou vivido.

Escrevo este post as 10 para a uma da manha, sentado no chao do aeroporto de Newark (New Jersey), onde vou passar a noite. Ja ca estou desde as 3 da tarde, desde que o voo de Lisboa aterrou sem atrasos. Tudo normal na alfandega, na recolha das bagagens (chegaram as duas!). Os problemas comecaram depois. Quando me preparo para fazer a escala para Detroit, descubro que o voo tinha sido cancelado. Mau tempo, dizem. Ja sei o procedimento - ir ao balcao de transferencias mais proximo e ver quais as opcoes. 1 hora e meia depois, o simpatico agente diz-me que tenho novo voo as 8 da noite. Menos mau, pensei... ainda chego a horas mais ou menos decentes. So que ha' um senao. O voo esta' overbooked, ou seja ha mais pessoas do que lugares, o que nao me garante que embarque.

Decido arriscar. Dirijo-me a' porta de embarque programada e sento-me com o belo do portatil no colo, a ver mais um episodio do ER para passar o tempo. 1 hora depois decido espreitar o quadro de informacoes. Mais um contratempo - o voo tinha agora sido atrasado para a meia noite e meia. Bonitas horas a que vais chegar, pensei! Mas pelo menos ainda dormes umas horitas antes de ir trabalhar. Entediado, resolvi tentar o balcao de informacoes mais uma vez, na tentativa de marcar o voo para o dia seguinte, ja que este estava overbooked. Depois de estar 2 horas e meia ha espera, dizem-me: Nao, nao fazemos remarcacoes ate sabermos se efectivamente temos mais pessoas do que lugares - pode haver desistencias. E o que e' que eu faco, pergunto. Espere junto a' porta de embarque. Assim faco. Sou bem mandado.

Chego a porta de embarque, ajeito-me numa cadeira que me permita ver a informacao do painel. Passados 10 minutos, a informacao desaparece. Assim, sem mais nem menos. Tu queres ver?... Pois, pois foi! Voo cancelado! Duas vezes no mesmo dia e' obra, tem que admitir. Nao ha mais voos para Detroit esta noite, so amanha. Entao e agora? Agora e' voltar ao balcao de informacoes. Sao agora 11 horas, esta' uma fila gigante e o servico fecha a' meia noite. Uma simpatica senhora diz-nos que todos os hoteis estao cheios, nao ha alojamento num raio de 20 milhas, so' possivelmente em Nova Yorque. Esta foi a gota de agua!!! Entao e agora? Agora, nada! Toma la' um cobertor e uma almofada e ve se te avias - procura um lugar para passar a noite!

E eis que aqui estou - 1 e 05 da manha - sentado no chao do aeroporto de Newark onde vou passar a noite. Felizmente nao sou o unico, mas nao ha nada de mais deprimente. O terminal esta praticamente deserto, toda a agitacao que se conhece num aeroporto esta' como que ausente, partiu para parte incerta. Restam as almas penadas como eu, que estao 'em transito'. Pela frente tenho mais 8 horas ate ao meu proximo voo - que espero parta de uma vez por todas, as 8 e 45. Estou cansado. Quero a minha cama!

A' falta de melhor, vou escolher um sitio para passar a noite... Ate' amanha.


PS - acho que nao vou conseguir dormir... as luzes sao mais que muitas, os barulhos das passadeiras rolantes que insistem em estar a trabalhar a esta hora, e os avisos 'automaticos' de 15 em 15 minutospara nao deixarmos as bagagens abandonadas, vao dar-me cabo do sono... vou fazer os possiveis!

domingo, maio 13, 2007

A nossa cama

A nossa cama e' uma coisa fantastica. Nao ha nada como ela. Por muitas camas que experimentemos por esse mundo fora, somente a nossa cama nos proporciona aquele descanso. So ela nos da aquele conforto. Aquela confianca. Aquele bem estar indiscritivel. Mas a nossa cama e' mais do que isso. E' nossa confidente, sabe os nossos sonhos, os nossos medos, partilha as nossas vitorias, acolhe as nossas lagrimas, escuta as nossas conversas. So' ela conhece verdadeiramente os nossos pensamentos, os nossos planos, as nossas vontades. E, mais do que isso, esta la sempre disponivel, pronta a acolher-nos, a aceitar-nos de volta, mesmo depois de grandes ausencias. Nao faz perguntas, nao exige nada, nao impoe condicoes.


A nossa cama 'e uma coisa fantastica. E eu ja' tinha saudades da minha. Foi bom poder reencontrar-me com ela.

terça-feira, maio 08, 2007

Holland, Michigan

Spring is all around. Depois de meses e meses de frio, neve e dias escuros, o bom tempo chegou a estas bandas. Por 'bom tempo' entenda-se temperaturas a rondar os 15-18 graus, algum sol e poucos vestigios de chuva. Chegou a primavera - as flores vao lentamente reaparecendo, a relva esta mais verde que nunca, e as arvores que durante tempo so tinham galhos, tem agora folhagem de varias cores, dando um belo colorido as ruas.

Aproveitando esta boa onda, no passado fim de semana, decidi ir ate ao lado oposto do estado do Michigan, com uns amigos. Mais propriamente ate' a' cidade de Holland. Como nao sera' muito dificil de imaginar, esta cidade tem uma forte influencia holandesa, uma vez que foi aqui que se estabeleceram muitos dos emigrantes holandeses, ao londo dos ultimos seculos. Particularmente famoso e' o Tulip Time Festival, que comecou no sabado passado, uma semana dedicada a' flor mais holandesa de todas - a tulipa - onde para alem das flores, sao estrelas o artesanato, a cultura e claro, os Klompen (socas de madeira) holandeses.


A cidade e' bastante agradavel, muito animada, com pessoas por todo o lado enveredando trajes tipicos holandeses e dancando com as enormes socas. As tulipas trazem cor a' cidade e aos campos. Mas confesso que depois de ver os campos de flores na Holanda europeia, estes parecem pobrezinhos, uma aproximacao algo fraca do original. Ha tambem uns moinhos (genuinos), de varios tamanhos e feitios, a completar o cenario. Os americanos acham isto lovelly, em especial porque a maioria deles nao conhece o orignal...

A' tarde, decidimos dar uma saltada ao lago Michigan, que separa o estado com o mesmo nome, do estado de Illinois. Apesar do tempo ter piorado e do sol se ter escondido, deu para perceber que o lago e' fantastico - grande (o suficiente para nao se conseguir ver a outra margem, fazendo lembrar o oceano), com uma cor azul-esverdeada, calmo, imponente. Deu para matar saudades do mar portugues, embora nao tenha nada a ver. Nao resisti e molhei os pes. Depressa me arrependi, tal era o gelo da coisa. Nao nos podemos esquecer que ainda o mes passado as temperaturas estavam negativas e que as massas de agua ainda nao aqueceram o suficiente... mas valeu a pena. A praia e' tambem muito agradavel, grande e com uma areia muito fina e limpa. Decididamente, um sitio para voltar no verao.

Ao final do dia, ja no regresso a casa, um por do sol fabuloso, como ha muito nao via um. Resolvi captura-lo, para aqui o partilhar. Espero que gostem.

sábado, maio 05, 2007

O Corpo Humano - por dentro, por fora e as postas...

Desde ha muito que sou fa do corpo humano. Da sua complexidade, da sua fragilidade, da maneira como tudo esta arranjadinho por forma a funcionar matematicamente de forma primoral. Considerei inclusive a hipotese de enveredar por uma carreira nessa area, mas depressa me convenci que nao teria grande estofo para a coisa. Por isso, agora limito-me a ver com grande assiduidade tudo o que seja serie relacionada com a area medica - ER, House, Grey's Anatomy, venham eles, vejo tudo.

Ora, estando em Detroit a exposicao 'Our Body: The Universe Within', e' claro que nao podia perder esta oportunidade de ver mais de perto uma data de corpos, por dentro e por fora. 'Por dentro'?, perguntam voces. Sim. Ora vejam:


A exposicao, patente no Detroit Science Center, mostra-nos realmente como e' constituido o corpo humano, por dentro e por fora, fazendo uso de 20 corpos reais (nao sao modelos de plastico, sao pessoas mesmo - cadaveres), dissecados e esventrados. Desta forma original, podemos localizar todos os membros do nosso corpo, sejam eles ossos, musculos, tendoes, orgaos principais ou acessorios. Os corpos foram preparados atraves de um processo especial que retira toda a gordura do corpo, substituindo-a por um composto plastico, fazendo com que os corpos nao cheirem mal e possam ser expostos, cortados e retalhados como se bem pretenda. So' ha uma regra a cumprir - Please don't touch the dead people - dizem-nos no inicio da exposicao. O que e' algo complicado, porque os corpos nao estao vedados, e podemo-nos aproximar deles tanto quanto queiramos, e as vezes apetece mesmo la mexer, numa de 'Eh pa deixa ca ver como e' que isto esta interligado'!

A exposicao em si gerou uma certa polemica nos paises por onde tem passado e aqui tambem nao foi excepcao. A versao original diz-nos que os corpos, de cidadaos chineses, foram 'doados' a' ciencia para este efeito. A contra-versao diz-nos que os corpos sao de prisioneiros chineses, que depois de terem sido mortos na prisao, foram como que 'aproveitados' para este fim. Nao sei. Creio que prefiro nao pensar nisso. Sei sim e' que me fartei de aprender coisas giras enquanto por la andei - ate' descobri finalmente o que e' o 'Externocleidomastoideu' a que Vasco Santana se referia no filme 'A Cancao de Lisboa'.

Nao faco ideia se isto passara' algum dia por Lisboa, mas se passar, nao percam. E' como voltar a' escola!

quarta-feira, maio 02, 2007

Duas doses de cinema

Tempo para por em dia as minhas ultimas idas ao cinema por estes lados - ja ha algum tempo que nao falava disto. O primeiro filme de que vos quero falar e' Fracture (em portugues Ruptura) um thriller denso e muito bem construido, com Sir Anthony Hopkins no principal papel.

A historia e' relativamente simples: Ted (Hopkins) e' um bem conceituado engenheiro de estruturas, casado com uma mulher mais nova, que mantem uma relacao adultera com um policia. Consciente do caso extraconjugal que a mulher entretem, Ted decide num belo dia, colocar uma bala na mulher e acabar de uma vez por todas com a brincadeira. Chegada a policia, Ted confessa ter morto a mulher e inclusive entrega a arma do crime as autoridades. Caso aparentemente simples. Tao simples que Willy (Ryan Gosling), um procurador publico prestes a integrar uma empresa de poderosos advogados, aceita representar nos seus ultimos dias enquanto funcionario publico. So que, aquilo que parece nem sempre e', e o caso vai tornar-se bem mais complexo do que aparentava...

O argumento do filme esta muito bem conseguido, embora nao seja de deixar o queixo caido. Tem momentos densos, outros mais leves, mas acima de tudo esta pensado ao detalhe, sendo bastante verosimil, no meu entender. Anthony Hopkins, uma vez mais a fazer de vilao, com a sua voz macia e uma aparencia tresloucada, esta excelente, fazendo relembrar os tempos de Hannibal Lecter, mas com um sentido de humor muito mais apurado. Destaque tambem para Gosling, que ao fazer de advogado ambicioso e cuja maior fraqueza e' nao gostar de perder, se revelou uma agradavel surpresa. A ver!

A outra sugestao, mais leve e descontraida e' esta - Wild Hogs (em portugues Porcos e Selvagens):


Este e' o tipico filme que ja se viu 30 vezes, que nao traz nada de original, mas que serve perfeitamente para soltar umas gargalhadas e libertar algum stress acumulado. Conta a historia de 4 marmanjos ja' meio entradotes, cujas vidas nao sao propriamente perfeitas - um esta na miseria, depois de ter perdido a mulher, por sinal lindissima; outro tem uma mulher 100% controladora, que lhe diz quando trabalhar, o que fazer e quando fazer; outro ainda tem uma vida chaterrima, sem qualquer diversao ou aventura; e por ultimo, o geek da informatica, sem namorada ou mulher, que vive com medo do sexo feminino. Juntos decidem partir rumo a aventura, numa viagem que os levara, de mota, a' costa Oeste dos EUA, rumo ao Pacifico. Pelo meio, muitas peripecias, alguma pancadaria, muitos motards, muita musica de motoqueiros. Como disse, nao e' brilhante, mas entretem.
Alguma sugestao desse lado?
(P.S - ja so faltam duas semanas para a estreia de mais um filme do ogre verde... mais novidades em breve!)