quarta-feira, maio 27, 2009

A Vida que Temos

Primeiro sao os sonhos. O que idealizamos para a nossa existencia futura. O que gostariamos de ser. Os ideais que pretendemos abracar e defender. Planeamos tudo, o que vamos fazer, como e com quem viver, o que nao vamos admitir que nos facam ou digam... Fervilhamos de energias, conceitos e ambicoes, cuidadosamente misturadas num conceito de que tudo é eterno e nada è impossível...

Depois vem a realidade. Aquilo em que nos tornamos. Aquilo a que nos acomodamos. Aquilo a renunciamos em prol das mudancas que nao queremos fazer. Vêm os momentos em que dizemos SIM, quando na verdade nos apetece dizer NAO, os lugares em que nao queremos estar mas aos quais estamos confinados por uma razao ou outra mais ou menos inexplicável, as pessoas com quem nao quermos conviver, mas às quais nos colamos por forca das circunstâncias...


Esta é a dicotomia de todas as nossas vidas: a vida que temos vs a vida que gostariamos de ter. Embora muitos o neguem, poucos sao os que vivem verdadeiramente a vida que gostariam de viver... Tudo isto, vem a propósito do último filme de Sam Mendes (o mesmo senhor de American Beauty) que tive oportunidade de ver ha dias, algures enquanto sobrevoava a Russia, a caminho do Japao. Nao ha muito a dizer sobre este filme, a nao ser que é muito bom.



Tem uma história muito simples, passada nos anos 50, mas curiosamente muito actual, centrada nas esperancas e aspitacoes do casal Wheeler. Ela vive angustiada pelo seu papel redutor enquanto uma dona de casa de suburbios e ele abomina o emprego que o arrasta para a cidade todos os dias. Esta situacao de desconforto leva a que se auto-destruam aos poucos, criando uma amargura entre os dois, aparentemente invisivel a quem os rodeia. Quando uma oportunidade surge para quebrar com toda esta "monotonia da vida quotidiana", decidir mudar é bem mais díficil do que parece, mesmo quando se vive uma vida de que nao se gosta.


Kate Winslet está muito bem (melhor do que em "O Leitor"), Leonardo diCaprio (de quem nao sou grande fa) também nao vai nada mal. O argumento é bom e a realizacao excelente. Eu, se fosse a voces, dava uma espreitadela. Quanto mais nao seja para nos por a reflectir que a Vida que Temos nao tem, necessariamente, que ser tudo o que há!...



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