quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Musicas - II

1991. Verao quente, Agosto. Algures por estas alturas, tive a oportunidade de fazer a minha primeira viagem ao estrangeiro. Mais propriamente, a Franca. Num autocarro, com mais 50 pessoas, pela modica quantia de 60 contos. Na altura confesso que era ainda muito agarrado as saias da minha mae, embora ja tivesse 15 anos. Nunca foi facil para mim travar conhecimento com estranhos e so depois de algum tempo e de algum convivio comecava a mostrar mais de mim (caracteristicas que ainda hoje guardo). Ter alguem por perto, que desbravasse caminho, ajudava bastante. Alguns dias antes de partir, descobri que afinal teria de ir sozinho. Fiquei receoso no minimo, mas acabei por ir. E ainda bem, porque essa viagem marcou o inicio de uma certa mudanca no meu comportamento. Sozinho, sem conhecer quase ninguem, vi-me obrigado a travar conhecimentos, conhecer novas pessoas, comecar novas amizades.

Nas muitas horas que passavamos no autocarro, ao longo de uns 10 dias bastante intensos, para alem das conversas, havia tambem a musica que partilhavamos. Ouvia-se de tudo um pouco (lembro-me de ouvir coisas tao distintas como Ritual Tejo, Simple Minds, Brian Adams, ou GNR) mas havia um album que se ouvia quase ate' a'exaustao. Era nem mais, nem menos que este:


Out of Time - o album que lancou os REM para a fama universal, tornando-os numa referencia incontornavel dos anos 90. Eu ja os ouvia esporadicamente antes deste album ser lancado. Musicas como 'Finest Worksong' ou 'The One I Love' ja tocavam no meu walkman de vez em quando. Mas este album (comprado nessa instituicao mitica chamada Circulo de Leitores), teve qualquer coisa de especial e acabou por se tornar num dos mais tocados no gira-discos la de casa (sim, porque eu na altura era um teso, e a malta nao tinha dinheiro para essas modernices chamadas CD's). Tanto tocou, que as tantas era mais o som do 'crs crs crs' do vinil que se ouvia, do que propriamente a musica. E nao foi uma coisa do momento... lembro de algum tempo mais tarde este disco ainda fazer parte da banda sonora de muitas tardes passadas a estudar, a fazer trabalhos de grupo (lembras-te C.?), ou simplesmente a fazer... nenhum.

Ainda hoje sei as letras quase todas de cor e ainda me da um certo gozo recorda-lo. Nao sera' o melhor album dos REM, mas para mim, marcou uma epoca - pelas sonoridades acusticas, pelas letras, pela diferenca. Para que tambem possam relembrar, aqui fica uma amostra. Nao e' a melhor cancao do album, mas e' incontornavel.

Life is bigger, It's bigger than you, And you are not me. The lengths that I will go to...

The distance in your eyes. Oh no I've said too much. I set it up...

2 comentários:

Anónimo disse...

Claramento REM fez parte da nossa adolescência, dos nossos estudos, das nossas tardes... e ver aquele concerto contigo dos REM cá em Portugal foi para mim mágico! Senti-me transportada para o passado.... a música faz mesmo parte da vida, não é?

Anónimo disse...

Que giro. A minha primeira viagem ao estrangeiro tb foi aos 15 anos, de autocarro e a França...