domingo, novembro 05, 2006

Ponto Final

Antes de mais, desculpem a ausência. Isto de mudar de emprego tem muito que se lhe diga. Parece que nestas alturas toda a gente se lembra que tu existes... e, como tal, procuram-te freneticamente com dúvidas existenciais, altamente urgentes e importantes... fazem-te as mesmas perguntas às quais já respondeste n vezes, e querem que tu, em questão de minutos, lhes resolvas todos os seus problemas... e tu, embuído de um espírito tipo "OK, eu no fim do mês até me vou embora!" atendes a todos os pedidos, por mais estranhos, chatos ou repetitivos que possam parecer. Resultado: em vez de os últimos dias serem relativamente calmos, como seria desejável, passei o tempo embrenhado em todas estas coisas. Juntando-se a isso os preparativos da mudança, não houve grande tempo para aqui passar.

Mas há sempre algo estranho em deixar um emprego. Sempre que o faço (não que o tenha feito muitas vezes), sinto-me incrivelmente nostálgico. Parece que há uma parte de nós que lá fica, algo que não voltamos a recuperar, um sentimento de deixarmos pessoas de quem nos habituamos a gostar e compreender, com quem compartilhamos gargalhadas, almoços e lanches, com quem discutimos, com quem construímos cumplicidades, com quem crescemos juntos e com quem enfrentamos os maus momentos (que neste caso até nem foram poucos e deixavam um amargo de boca que demorava dias a passar... argh!). E, na passada quinta-feira, foi precisamente isso que senti... enquanto fechava o computador pela última vez, enquanto desligava as luzes do meu escritório pela última vez, enquanto me despedia dos corredores pela última vez, ou enquanto picava o ponto e saía porta fora pela última vez, milhares de imagens e situações passavam pelos meus olhos... cada canto trouxe á lembrança uma história, um acontecimento, uma discussão...

É claro que há também a parte do alívio... alívio por não ter que voltar a ver as usuais ovelhas negras, alívio por não ter que voltar a passar pelas mesmas situações embaraçosas, alívio por não voltar a ter o mesmo chefe que nunca percebia o que se lhe tentava explicar, alívio por não ter que lidar com os mesmo problemas contra os quais durante meses se tentou lutar e não se conseguiu. E, garanto-vos, não há nada melhor que esse alívio...

Acima de tudo, saio com a consciência tranquila, por um trabalho bem feito, com objectivos cumpridos! Levo comigo o que de novo aprendi e as pessoas que conheci! Estou pronto para começar de novo, from square one.

A vida é feita disto mesmo: de conclusões e de recomeços, de conclusões que se querem felizes e de recomeços que nos fazem crescer.

Este foi só mais um exemplo disso.

1 comentário:

Maria João disse...

Amiguinho!
Desejo-te um recomeço com o pé direito.
É preciso muita coragem para mudar, para recomeçar, para não se acomodar ao dia-a-dia.
Estou muito orgulhosa de ti, de seres capaz de querer vencer na vida.
Sei bem que não vai ser fácil. Falo por experiência própria. Há dias em que nos sentimos os maiores, outros em que apetece apanhar o primeiro avião e largar tudo.
Desejo-te uma caminhada cheia de sucesso e alegrias!
Força e coragem!
Beijocas