quarta-feira, outubro 24, 2007

Gone, Baby!... Gone!!!

Os acontecimentos que rodeiam o desaparecimento de pequena Maddie, no Algarve, tem dominado o panorama informativo internacional. Nao sei muito bem como estao as coisas por ai', mas por aqui, de quando em vez, chegam aos noticiarios nacionais, os novos desenvolvimentos, que poe toda a gente a falar. Elaboram-se teorias, escolhem-se culpados, fala-se das novas descobertas de forma empirica. So' que, no fundo, no fundo, ninguem sabe o que aconteceu de facto... o que e' verdadeiro e real, dificilmente vira a lume! E e' engracado como as vezes a ficcao do cinema passa tao perto da realidade a que sociedade assiste no momento. E' o que se passa no primeiro filme realizado por Ben Affleck - Gone Baby Gone.


'Gone Baby Gone' conta a historia do desaparecimento de uma crianca de 4 anos, nos suburbios de Boston. Na sequencia desse acontecimento e com o intuito de ajudar a policia nas investigacoes, a tia da crianca resolve contratar um detective privado (interpretado por Casey Affleck), que juntamente com a sua namorada/parceira (Michele Monaghan), embarca numa busca que ira' mudar para sempre a sua vida. A mae da crianca e' uma personagem do piorio - agarrada a' bebida, a' coca e aos homens - esta longe de proporcionar um ambiente estavel a' sua filha... Isto e', em tracos gerais, o enredo do filme. Mas se estao a pensar que este e' apenas um thriller estilo 'jogo do gato e do rato', desenganem-se. Mais ou menos a meio do filme, surge o primeiro twist, mudando por completo a direccao dos acontecimentos, fazendo-nos pensar quem sao os 'bons' no meio daquilo tudo. Isto ja para nao falar no twist final, que rebenta com qualquer ideia que o espectador possa estar a conceber na sua mente.

O argumento (escrito pelo proprio Ben Affleck e baseado na obra do mesmo argumentista de Mystic River, um dos melhores argumentos dos ultimos anos) e' do melhor que ja vi este ano - para mim, inteiramente merecedor de uma nomeacao para o Oscar. E' daqueles argumentos que vai alimentando a accao com pouco de cada vez, apenas o necessario para prender o interesse... E' um argumento inteligente que nos poe a pensar durante horas - acima de tudo faz-nos ponderar o quao relativo e' o conceito de certo vs errado... e ensina-nos uma grande licao: nenhuma decisao e' facil e muitas vezes, qualquer escolha que facamos tem sempre boas e mas consequencias... e o que resta saber e' ate' que ponto a nossa consciencia consegue viver com essas mesmas consequencias...

No dominio das interpretacoes, o elenco conta ainda com Morgan Freeman e Ed Harris ao mais alto nivel. Todos tem desempenhos muito bons, em especial os actores secundarios (Amy Ryan no papel de mae e' uma revelacao) - a excepcao de Casey Affleck, que quanto a mim e' o mais fraquinho (talvez pela sua diccao arrastada, fiel ao sotaque de Boston...). A realizacao e' interessante, provando que o rapaz e' bem melhor atras da camera do que a' frente dela.
Enfim, facam-me um favor: nao percam este filme - vai chamar-se em portugues "Vista pela ultima vez" (pessima traducao) e estreia apenas em Janeiro (as coisas que eu sei...), por ter demasiadas semelhancas com o caso de Maddie. E' um bocado forte no que toca a liguagem, mas no fundo, retrata uma realidade e' que e' de facto muito dura... E, como em toda a boa obra de ficcao, qualquer semelhanca com a realidade tera' sido mera coincidencia!

Ora deem uma espreitadela ao trailler:

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